1. A Igreja não é «sinodal» quando nos desdobramos em sucessivas «acções» (que dificilmente juntam todos) e quase nos desligamos da centralidade da principal «acção» (onde há sempre lugar para todos).
Concretizando, a Igreja não é «sinodal» quando não é eucarística.
2. É na Eucaristia que se encontra a expressão superlativa da «sinodalidade». Nela, é-nos oferecida a presença real de Cristo e a presença fraternaldos cristãos em Cristo.
Ela avulta, por isso, como o «centro vital da Igreja» (São João Paulo II).
3. Acontece que não basta esperar que as pessoas venham.
É fundamental sair para propor, cativar.
4. E, depois, é vital saber acolher e integrar.
Urge superar uma espécie de «alergia aos irmãos», que nos torna frios e excessivamente formais.
5. Neste sentido, a Igreja não é «sinodal» quando não é espiritual.
A própria pastoral há-de ser a «epifania» do espiritual. Por tal motivo e como era hábito nos primórdios, é determinante dar a primazia ao Espírito Santo (cf. Act 15, 28).
6. É que – como percebeu Atenágoras – «sem o Espírito Santo, Deus fica longe,
Cristo permanece no passado, o Evangelho é letra morta, a Igreja é uma simples organização e a autoridade um simples poder».
No Espírito, é imperioso ouvir pastores e fiéis leigos, não excluindo os pobres, os sofredores e os idosos.
7. A Igreja não é «sinodal» quando não é calorosa, quando faz acepção de pessoas, quando a ambição se sobrepõe ao testemunho humilde da fé, da esperança e do amor.
Cuidado com a tentação de antepor um «m» ao verbo «andar». No Corpo de Cristo, devemos «andar» com os outros, fugindo ao impulso de «mandar» (n)os outros.
8. A Igreja não é «sinodal» quando não é missionária, quando não visita, quando não abraça nem toca o coração.
Como alerta D. António Couto, este é o momento de nos «levantarmos» para «partir» em missão: desde o interior da própria família até aos confins da terra.
9. A Igreja será (autenticamente) «sinodal»
quando se descentrar de si e se recentrar em Cristo e nos irmãos em Cristo.
Tenhamos presente que a Igreja é uma «cristarquia». É Cristo a sua perene «arquê», o seu princípio intransponível.
10. Em Cristo, a fraternidade é – será sempre – uma felicidade.
Que o percurso sinodal ajude também a gerar «cristãos felizes». Chegou a hora?
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
O que NÃO é uma «Igreja sinodal»

DM
3 novembro 2021