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O que é uma «Igreja sinodal»?

Desta vez, não estamos apenas a preparar um Sínodo; a prioridade é redescobrir o rosto de uma «Igreja sinodal».

Nada de novo, diga-se. A «sinodalidade» – vocábulo imperceptível para muitos – pertence à natureza mais genuína da Igreja.

A vocação da Igreja é chegar a todos (cf. Mc 16, 15). É por isso que ela é «católica».

É preciso, entretanto, que todos «caminhem em conjunto». Daí que a Igreja, enquanto «católica», seja «sinodal».

Sucede que, como notou Gustave Thibon, «estar junto» não é só – nem principalmente – «estar com»; é sobretudo «estar em».

Neste caso, «estamos juntos» quando todos «estamos em» Jesus Cristo (cf. Mt 18, 20).

Isto significa que a «sinodalidade» não é uma espécie de «plug-in», um aditamento de última hora para reagregar ao «conjunto» os que estão cada vez mais «disjuntos».

Aliás, a «sinodalidade» já era muito vivenciada nos primórdios.

O Sínodo de 2023 postula a intervenção de todos. É neste sentido que a fase diocesana já está em curso.

As palavras-chave são «participação, comunhão e missão». Para que a «missão» seja assumida por todos e para que se aprofunde a «comunhão» entre todos, é indispensável a «participação» de todos.

Percebe-se igualmente que esta participação não possa limitar-se ao acontecimento chamado «Sínodo».

Ela tem de envolver a totalidade da vida da Igreja.

Nenhum corpo está completo se faltar um membro que seja. É vital, pois, «sair» para «encontrar», «escutar» e «discernir».

Este discernimento –como frisou o Papa Francisco – é essencialmente espiritual, «que se faz na adoração, na oração, em contacto com a Palavra de Deus».

O Jesus do Evangelho é o critério supremo e o Evangelho de Jesus desponta como a referência maior.

Tal como «a gota de água limpa em que brilha o amor de Deus» (Santa Teresa de Calcutá), a sinodalidade há-de ser, antes de mais, um percurso de conversão a Jesus Cristo.

Por conseguinte, é de esperar que cada um não exponha – egocentricamente – o que espera da Igreja. Mas que, em Cristo, se disponibilize para o que a Igreja espera dele.

Que cada cristão convide outro a participar na Eucaristia, na formação, na caridade. E que este outro convide outros, deixando bem vincado que a sua participação é insubstituível e desejada.

O primeiro a ser escutado tem de ser Jesus Cristo, realmente presente na Eucaristia e vitalmente activo nos irmãos. É imperioso que a sinodalidade avulte como alegria pela presença dos irmãos e pela possibilidade de caminhar a seu lado.

Nem todos quererão vir, mas nós não podemos deixar de ir. A catolicidade só será real com a presença – e a participação – total.


Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
DM

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26 outubro 2021