Luís Montenegro teve uma expressiva vitória que lhe deu todas as condições para conseguir, como é o seu propósito, que o PSD volte a ser aquilo que sempre foi: um grande partido de centro esquerda a centro direita, sem complexos de seguir políticas reclamadas por qualquer espaço desde que sejam as adequadas e as melhores para o país e condizentes com a liberdade, a democracia e o desenvolvimento.
Aliás colocar o PSD no seguimento das opções pessoais do seu líder nada mais faz do que reduzir o seu espaço.
Em Portugal houve algumas condições que, todas reunidas, conduziram a uma divisão do espaço mais à direita: a estratégia e atuação que o PSD seguiu até o último sábado, o não combater o populismo, as fortes asneiras do governo socialista sem resposta à altura, somado a condições internacionais e nacionais de alguma pulverização da direita fizeram diminuir em muito a sua base de apoio.
Aliás, se a expressiva vitória que o Partido Socialista teve nas últimas eleições fossem condizentes com o atual estado do país e a satisfação dos portugueses pela vida que têm, pelas suas perspetivas de futuro, mais valia abandonar a luta por um Portugal desenvolvido porque estaríamos perante um povo amorfo, sem ambição, que não quer saber do seu futuro, que se contenta com uns míseros trocos no bolso, somados a elevadíssimos impostos, que não reage face ao atraso com que temos em relação à população europeia, mesmo àquela que há poucos anos tinha uma qualidade de vida muito inferior à nossa.
Mas não, o verdadeiro motivo da vitória socialista teve apenas a ver com gestão política, estratégia política e condução política!
O PSD confundiu muito o eleitorado porque durante o tempo de oposição não conseguiu nem apresentar um confronto democrático direto e duro, nem apresentar propostas alternativas ou, se as apresentou, não as soube tornar impactantes no país e culpar o PS pela sua não concretização. Foi difícil ao eleitorado distinguir entre o PSD e o PS e, quando é assim, a vantagem é sempre do partido do poder.
Esperar que o povo português fosse reconhecer mais tarde as virtudes de um partido da oposição e o seu alto sentido de estado por tentar acordos de interesse nacional com o partido do poder, sempre negado por este, é demasiada ingenuidade, falta de visão política ou de perceção da reação do eleitorado.
O que se poderá esperar de um líder como António Costa que destruiu um acordo entre o governo maioritários de Passos Coelho com o então líder da oposição António José Seguro sobre a diminuição da taxa do IRC que estava a permitir mais arrecadação fiscal com menos sacrifício e aumento de competitividade do país?
O que se poderá esperar também do PS quando fez transferência de competências do governo para as autarquias, previamente acordadas com o PSD, mas desvirtuando completamente o acordado, já que seriam condições essenciais, não realizadas pelo governo, que à transferência fossem acompanhados os devidos meios e verbas, de acordo com a realidade concreta de cada município?
Aliás, além de Luís Montenegro, Cavaco Silva avisou publicamente nos seus excelentes textos, para quem quis perceber sobre o erro estratégico do PSD e as suas consequências futuras.
Claro que em breve o PS vai fazer aquilo que se tornou especialista há décadas: construir narrativas, historietas em relação aos seus adversários políticos, sem ligação à realidade, casos e casinhos, espalhando-os aos quatro ventos para que uma inverdade, mesmo sendo irreal, passe na perceção pública como verdadeira e assim, condicionar opiniões e escolhas ao seu favor.
Isto foi assim, por exemplo, no espalhar, numa frase descontextualizada da realidade, sobre o governo de Passos Coelhos querer ir mais do que além da troika ou que os portugueses tenham sido convidados a emigrar. Nunca o governo ou o PSD combaterem estas ideias falsas espalhadas aos quatro ventos, só porque não eram verdadeiras, mas a falta de ação tornou-as verdade aos olhos das pessoas e condicionaram muitas opiniões.
Aliás, infelizmente só muito tarde, é que Passos Coelho, já como deputado já da oposição as contrariou na Assembleia da República.
A tudo isto o PSD tem de combater energicamente e com firmeza, desmontando todas estas narrativas que vão ser postas a correr daqui para a frente.
Além disso é necessário saber escolher os rostos que darão a cara pelas posições do PSD , ter a perceção das suas consequências nas pessoas e evitar alguns do passado que, embora com valor, sejam tóxicos na opinião pública e, por mais que se esforcem, nunca conseguirão atingir uma áurea de credibilidade.
O importante para Portugal é que o PSD seja sempre aquilo que é!
Autor: Joaquim Barbosa