- 1 Está aí o 5G e já andam a estudar um 6G…). Em recente artigo publicado no DM (25-8-2021) um distinto prof. da Esc. de Engenharia da Univ. do Minho veio enaltecer os benefícios da rede 5G, em vias de chegar ao espaço português. Nada tenho contra professores, eu próprio sou filho de alguém que foi docente de Matemática 22 anos na Univ. do Porto e mais 7 na de Aveiro. Porém, confesso, sou pessoalmente algo avesso à invasão das nossas vidas e do nosso quotidiano por uma cada vez maior panóplia de “ajudas”, interferências, dependências, vassalagens, registos e controlos electrónicos. Que ficam aliás, para sempre na memória de super-computadores; os quais são, no presente e no futuro expostos à devassa de sabe-se lá quem, seja na América, China, Índia… ou da pessoa que é nossa vizinha do lado, com a qual não nos damos bem.
- 2 Porém, dizem, se nós pararmos, os outros continuam). É realmente um facto e é um perigo. Se nós, no presente, pararmos este pseudo-desenvolvimento trazido pela electrónica, arriscamos ficar para trás. E os nossos verdadeiros rivais, especialmente a China e a Índia-Paquistão, qualquer dia poderão, se lhes apetecer, lançar-nos um ataque militar decisivo, no qual fazemos o papel que outrora as tribos ameríndias ou africanas faziam (armadas apenas de lanças e flechas) perante as espingardas e os canhões dos europeus e seus descendentes. O assunto é pois, bem grave.
- 3 É como no futebol, quem não marca arrisca-se a perder). Esta é uma ideia que todos perceberão, neste país de adeptos futebolísticos que somos. Na Política e na História é a mesma coisa. Veja-se o exemplo do PSD de Rio, que desde há 5 anos pouco ou nada faz (e deixa o PS e o BE fazerem). Exemplo ainda mais concreto é o que se tem passado no Mundo, sobretudo depois de 1945. A Europa e os EUA, com o seu característico complexo de “superiorioridade racial” em relação a todos os outros povos (tão impregnado no seu pensar e agir, que dele nem se apercebem…), vem diletantemente, desplicentemente, apoiando e até fomentando o crescimento (inclusive, demográfico) e o poderio das tais duas super-potências que lhe são rivais, a China e a Índia-Paquistão (e de outros povos). E inclusive, deixam-se alegremente “colonizar” por largas fracções dessas origens (na Grã-Bretanha, França, Canadá, Austrália, EUA, etc.). Sem que a “colonização” inversa, recíproca, se produza. Até da África sub-sahariana, tão necessitada de ajudas e de povoamento europeu, os euro-descendentes se deixaram excluir e expulsar, desde a década de 60 do séc. XX.
- 4 Já com a actual rede 4G, e anteriores, a devassa da vida privada é evidente). No estado actual, é fácil (às Autoridades e Serviços Secretos, ao Crime Organizado que os infiltra, ou aos simples “Ruis Pintos” deste mundo) espiar por completo o que se diz e se escreve nos nossos telefones móveis de todas as versões. Até o controle das nossas deslocações e posições. Tudo reforçado pelos recibos (fiscais, até) dos hipermercados, onde todo o cliente está sempre a ser filmado (tal como nos centros comerciais, claro). Já para não falar, quer dos pórticos e câmaras das auto-estradas, ou dos postos de combustível. Quer também da mania das “selfies”. Se a antiga PIDE (que ao menos tinha um Império Colonial a defender) sonhasse com um mundo destes, por certo ficaria complexada e deprimida pelo seu primarismo…
- 5 Dispendiosos “brinquedos para gente grande”). É fruto de décadas de uma educação pública deficiente, que não ensinou as pessoas a apreciar a Natureza, a Tradição; a ter cultura histórica e geográfico-antropológica. Assim, chegamos a este ponto, de uma certa “infantilização dos adultos” (desculpem a crueza), propícia a uma adoração impensada da Técnica e de tudo o que é “novo” e artificial. Sem qualquer espírito crítico.
- 6 Carros sem condutor e transferências de dados, pela simples voz?). Cidades ditas “inteligentes” (para burros, claro)? Fábricas sem operários? “Internet de todas as coisas”? Por mim, não obrigado. Aqui, “o pobre” já percebeu tudo. E depois, há os perigos para a saúde, num Planeta em que a actual e já notória poluição da atmosfera por satélites e por radiação dos telemóveis seria multiplicada por mil… E já agora, no tempo “que nos sobra”, trabalhávamos para quem? Ou então, em que novos disparates nos envolveríamos?
- 7 Não há Liberdade, sem Privacidade). Se aqueles que são nossos rivais (ou mesmo os que nos querem mal) sabem o que a gente fez ou vai fazer, qual é a nossa liberdade de o fazermos? Não temos nenhuma, pois já sabemos que se o fizermos, os outros tais já disso sabem; e poderemos sair prejudicados. A questão é mesmo muito séria. E altamente corrosiva das fronteiras entre Democracia e Ditadura. É que, sem Privacidade (como já hoje mesmo acontece), a Democracia é uma ficção, um mito, uma mentira, uma não existência. Uma Ditadura disfarçada, secreta, em que mandam os desconhecidos que controlam os nossos segredos; a nossa Liberdade, enfim…
Autor: Eduardo Tomás Alves