As pessoas exprimem as suas emoções, evidenciam os seus comportamentos e reagem às provocações do meio, sempre de acordo com os valores e a educação que adquiriram desde a infância. A sua vida é a expressão desses sentimentos que interiorizaram como aqueles que melhor serviriam as suas pretensões, as suas causas e os seus objetivos. As atitudes, as conversas, os escritos, as companhias preferidas e os locais frequentados são o espelho desse capital humano amealhado por cada um. É óbvio que todos nós precisamos de ter uma escala de valores bem definida e viver de acordo com ela. No entanto, interessa saber destrinçar o que é importante, benéfico, correto e valioso daquilo que é fútil, prejudicial, incorreto ou maléfico.
Este princípio é a base dessa escala de valores. Infelizmente, grassa uma desorientação nas sociedades no que concerne a estes estados de espírito, a começar pela classe política. Propagam uma ideologia “modelo” que, segundo a sua crença, irá satisfazer as necessidades do povo, nomeadamente dos marginalizados, dos mais desprotegidos, dos mais carenciados, das periferias ou dos bairros de lata. Nos períodos das campanhas eleitorais, tudo são palavras cor de rosa, promissoras da solução para os problemas mais graves, mas, uma vez instalados nos lugares de responsabilidade governativa, tudo se esquece com uma certa facilidade. Dizem que se vira a página da austeridade, mas o seu verso apenas é preenchido com medidas paliativas e umas migalhas de benefícios para o povo. Ao inverso, na página das receitas são aumentados os impostos indiretos como acontece nos combustíveis e muitos outros, que causticam as classes mais baixas ou de menores rendimentos. Os Meios de Comunicação Social têm noticiado nos últimos dias que as casas destruídas pelo flagelo dos fogos do ano transato, especialmente na época de Outubro, continuam todas no mesmo estado de ruína, agravado ainda pelas chuvas que caíram nos últimos meses. Onde estão os partidos que tanto defenderam a população que perdeu as suas habitações? Será que se encolheram na sua zona de conforto e estão a preparar-se para o período eleitoral do próximo ano? Se assim é, muito mal vai a nossa política! A classe política está muito desacreditada, necessitando de se reinventar, caso contrário, o “partido” da abstenção continuará a aumentar. A coerência é uma palavra muito nobre, mas fica agasalhada no seu casulo do Dicionário da Língua Portuguesa. Que Ética apregoam e defendem eles no dia a dia?
Uma das lições mais relevantes que temos de aprender, assimilar e consolidar é a da coerência, da verdade, da solidariedade e da defesa dos princípios cívicos, éticos e morais sempre voltados para a solução real dos problemas que afligem as populações. “De boas intenções está o Inferno cheio”. O homem, se não souber controlar as suas emoções e os seus impulsos, pode meter-se em toda a espécie de sarilhos e entrar por caminhos sinuosos que dificultarão a chegada ao destino almejado. Não existe Ética nem coerência sem uma forte personalidade, alicerçada no respeito pela dignidade da pessoa humana.
Autor: Artur Gonçalves Fernandes
O pesado contributo da aldrabice e da incoerência na desacreditação da classe política

DM
19 julho 2018