Como é que no Portugal democrático existem no Parlamento partidos que não têm nem no seu ideário, nem na sua prática e nem na sua ideologia, a liberdade do indivíduo e sociedade livre como o pilar fundamental da vida de um país?
Poder-se-ia dizer que a própria democracia faz desaparecer esses partidos com o tempo, na medida em que teriam cada vez menos expressão popular sufragada em eleições.
No entanto, após 46 anos do 25 de Abril, ainda temos o Partido Comunista Português no Parlamento e, pior ainda, constitui o Partido Comunista um dos suportes fundamentais de um governo que não tem vergonha de ser suportado politicamente por um partido tão profundamente anti democrático.
O PCP, bem ao contrário do que apregoava António Costa, apenas por puro oportunismo político, nunca saltou do muro para a sociedade livre e ocidental, numa modificou a sua ideologia e prática política e ainda menos reconheceu a mudança do seu programa e política.
A essência do PCP de 1974 é exatamente igual à de 2020!
Basta ver as escondidas regras do seu funcionamento interno, a ausência total de crítica aos seus dirigentes e à sua política por parte de qualquer militante, o posicionamento internacional que tem ao lado das poucas ditaduras mundiais ainda existentes, para perceber exatamente o que o PCP continua imóvel, igual ao que sempre foi.
A última demonstração disso mesmo foi bem recente com o que se sabe a respeito da Festa do Avante.
Noticiou o semanário Expresso este sábado algo de horrível para a democracia quando se trata de um partido parlamentar:
O PCP, segundo este jornal, não revela quantas entradas ou bilhetes vendidos ocorreram este ano na Festa do Avante. Não revela nem ao Expresso, como se recusa, ao longo dos anos, transmitir à Entidade de Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) esses valores, o que é gravíssimo em democracia para um partido no Parlamento.
O PCP tenta com a Festa do Avante, e com a conivência de parte da comunicação social, parecer que é um partido de massas, com milhares de trabalhadores e que a todos mobiliza.
Então, com base nessa ideia que tenta propagar, transmitiu às autoridades da saúde que reduziria o número habitual, segundo o PCP, de 100 mil visitantes para cerca de um terço, ou seja cerca de 33 mil pessoas.
No entanto tal número não bate certo mesmo com os dados opacos que o PCP entregou à ECFP, em anos anteriores: em 2017, por exemplo, o PCP declarou a esta entidade que faturou 918,7 mil euros com as entradas na festa. No entanto se se dividir este número pelo bilhete vendido mais barato que é de 23 euros, teríamos como visitantes apenas 39.922 pessoas.
Assim, mesmo contra a ausência de informação por parte do PCP é possível, perceber que o número de visitantes na Festa do Avante é de cerca de 40 mil, bem longe dos 100 mil apregoados pelos comunistas.
A artimanha do PCP era tal, que queria que a Direção Geral de Saúde permitisse precisamente que o número de entradas na Festa do Avante rondasse um pouco abaixo de 40 mil pessoas, número esse que decorreria do corte do número publicamente anunciado pelo PCP de visitantes habituais na sua festa, que seriam falsamente de cerca de 100 mil .
No entanto, a Direção Geral de Saúde, não foi em cantigas e só permitiu a entrada a 16.563 pessoas.
Só por estes factos, informados pelo jornal Expresso deste fim de semana, dá para perceber a ausência de democraticidade por parte do PCP, que se nota até na organização da festa com o nome do seu jornal, que aliás, ninguém lê, exceto com certeza os militantes comunistas mais acérrimos.
Assim, de facto, é possível concluir que o PCP – sabendo dos números verdadeiros de presenças na Festa do Avante – queria que a mesma se realizasse sem nenhum corte real de número de pessoas, o que é inadmissível em tempos de pandemia.
Até onde leva o extremismo comunista, escondido pelo aparente aspeto bondoso da figura de Jerónimo de Sousa.
Se já tivéssemos uma democracia com a qualidade desejada, há muito que partidos assim teriam já sido extinguidos por via democrática – e apenas pelo voto essa extinção deverá acontecer –, como já há muito ocorreu nos países mais desenvolvidos do mundo.
O caso do Bloco de Esquerda é outro caso semelhante, mas que será referido noutra ocasião.
Autor: Joaquim Barbosa