Trata-se de um grupo altamente carecido de atenção por parte de todos os responsáveis políticos. Temos aqui concentrada a população que progressivamente deixa de trabalhar, ficando dependente de reformas, pensões e prestações sociais, que como sabemos, são de um modo geral relativamente baixas no nosso país. Progressivamente, os idosos vão perdendo capacidades físicas, ficando dependentes de terceiros.
A retaguarda familiar é claramente insuficiente, não apenas pela diminuição dos laços familiares e das pessoas que a integram, mas também muito pela complexidade da vida atual, que nos torna a todos muito ocupados e, por vezes muito ausentes. Assim, cada vez mais são as instituições que vão dando apoio aos idosos na satisfação das suas necessidades.
O número de IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) vocacionadas para o apoio aos idosos não para de aumentar. As Misericórdias, as Juntas de Freguesia, as associações com este objeto têm-se tornado cada vez mais atuantes, criando Centros de Dia, Lares para idosos, disponibilizando apoio domiciliário, etc.
O apoio dado por estas instituições é fundamental. Trata-se de entidades que de forma profissional, com pessoal especializado, tem por missão ajudar os idosos na ocupação dos seus tempos livres; no fornecimento de alimentação adequada e equilibrada; no acompanhamento aos centros de saúde e na realização de exames médicos e tratamentos, ou simples consultas de rotina; no seu alojamento em condições de dignidade e no apoio às quotidianas tarefas de higiene.
Estas entidades que integram a chamada economia social devem ser mais valorizadas por todos, porque são essenciais ao bem-estar dos idosos.
Particularmente, deve ser combatido o estigma de que os Centros de Dia ou Lares de Idosos são “depósitos de velhos”. Pelo contrário, perante as dificuldades da família em garantir todo o apoio necessário aos seus membros mais idosos, estas entidades desempenham o seu papel de forma profissional.
Claro que nalguns casos o que lhes sobra em profissionalismo falta em afeto, diz-se. Talvez. Não estou certo. Conheço algumas instituições que até nessa área conseguem proporcionar apoio aos idosos. O elevado profissionalismo dos técnicos e a sua formação humana conseguem muitas vezes ser um sucedâneo válido para uma família mais ausente. Por outro lado, é aí que o papel da família, quando existe, pode ser mais ativo, proporcionando momentos de grande alegria e satisfação aos seus membros mais idosos.
No nosso relacionamento com os idosos convém ter sempre presente que é para aí que inexoravelmente caminhamos. A nossa atuação hoje será sempre exemplar em termos do que podemos esperar amanhã.
Autor: Fernando Viana