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O outro Ronaldo!

Apenas os números faziam parte da sua partitura. Que o diga o ex-ministro das finanças grego Varoufakis. Schauble é granítico e concreto e o que disse de Mário Centeno não deixa de ser um julgamento positivo. Quando Centeno apareceu com aquele riso de contínuo, todos duvidamos da sua capacidade profissional; pouco e pouco, Mário Centeno lá foi fazendo a sua caminhada. Faltam-nos conhecimentos para julgarmos se a afirmação do

sr. Schauble é uma piada ou uma realidade. Por vezes, as palmadinhas dos grandes nem sempre são afagos. A verdade é que de imediato alguns acreditaram nos méritos de Centeno, ele que chegou ao poder com o alforge da credibilidade quase vazio. É assim em todos os campos da atividade, seja ela empresarial, artística, ou laboral. Foi assim com os estrangeirados, Verney, Brotero ou Ribeiro Sanches.

Homens eminentes que os portugueses de então não souberam reconhecer. Foi assim com o festival da canção onde, numa noite, fizemos passar um coitadinho Sobral a um Salvador do orgulho nacional. O pequeno e tímido fio de água transformou-se em torrente caudalosa e avassaladora. Bastou que outros o dissessem para que a levada se transformasse em rio. As medalhas agora são tantas que fazem esquecer as despidas lapelas do “mendigo”. Antes nunca lhe permitiriam ir à Assembleia da República, agora até de pé foi aplaudido. Quando ganhou o festival da canção portuguesa ninguém lhe reconheceu tal valor e muito menos tanta retumbante visibilidade!

Nós, portugueses, não sabemos ver o mérito, é preciso que os estrangeiros o vejam primeiro, o testemunhem e adjetivem para nós batermos palmas. Seremos macacos de imitação? Santos da terra não fazem milagres, é velho o ditado. Foi assim com Guterres, com Durão Barroso, com Horta Osório, e até com José Saramago. É assim com aqueles empreendedores portugueses que só lá fora foram ou são homens de sucesso. Será assim com Mário Centeno? Triste país que faz pequenos aqueles que nasceram para ser gigantes! Este estado de sermos assim, determina, em primeiro lugar uma falta de confiança em nós, e depois uma mísera e mesquinha inveja que tolda a razão do julgamento.

Para julgar é preciso ter retidão de caráter e infelizmente é coisa que não abunda por cá. O caráter é como o hálito, todos o temos mas alguns cheiram mal. Por que será que começamos a busca dos últimos lugares da tabela, sempre que um português está em competição?


Autor: Paulo Fafe
DM

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5 junho 2017