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O Opus Dei faz noventa anos

Pessoas e instituições têm data de nascimento e, de um modo geral, trata-se de um marco muito significativo na sua vida. À medida que os anos passam, há uma certa tendência para se encarar o futuro com um certo receio e até com alguma ansiedade por se ver o fim próximo.

Talvez que esta panorâmica seja mais adequada à pessoa singular do que a uma instituição. A primeira é insubstituível e única; a segunda pode esmaecer com o aumento dos dias que por si vão passando. Há algumas que nasceram para ficar e perdurar no tempo e no espaço, outras vão-se sumindo pouco a pouco e acabam por desaparecer, fechando as suas portas e deixando – na melhor das hipóteses – algumas publicações (restos da sua vida) que ficam a ganhar pó nos depósitos das bibliotecas.

Na vida já bimilenária da Igreja Católica, há muitas instituições pujantes desde há muitos séculos. Outras, mais recentes, que apareceram como fruto da graça de Deus e o ímpeto e a marca de quem as fundou. Há noventa anos, exactamente no dia 2 de Outubro de 1928, um jovem sacerdote da diocese espanhola de Saragoça, que então residia temporariamente em Madrid por razões de estudos, foi surpreendido por um pedido inequívoco de Deus, a respeito da fundação de algo de novo.

Surpreendeu-o, porque jamais havia pensado em fundar o que quer que fosse; por outro lado, apenas com os seus vinte e seis anos, a graça de Deus e bom humor, como de si dizia, pouco se poderia esperar da sua pessoa em nada relevante.

No entanto, era claro que Deus entrara de rompante na quietude da sua vida e lhe mostrara, durante aquele retiro que ele fazia por esses dias, que a sua vocação fundacional era objectiva, nítida e irrecusável para um filho de Deus que tinha, como objectivo primordial da sua vida, fazer o que o Senhor lhe solicitasse. Por isso, e apesar de sentir tremendas dificuldades e uma sincera relutância da sua parte, começou a trabalhar no projecto divino.

Hoje, passados noventa anos após a fundação do Opus Dei, a confirmação de que se a vontade de Deus é bem aceite e gerida pelos instrumentos que Ele escolhe, desde que se apoiem firmemente no dom da graça que lhes é concedida, os resultados superam em muito o que, humanamente, se poderia imaginar. De facto, nos nossos dias, o Opus Dei é uma Prelatura da Igreja Católica, que realiza o seu apostolado regular em todos os continentes.

Conta com cerca de 95.000 fiéis que a ele aderiram, como resultado de uma vocação de dedicação total a Deus no meio do mundo, procurando a santidade através do trabalho profissional, da vida familiar e relacional, e tentando ser, em todos os lugares onde vivem, testemunhas de Cristo e levar ao seu redil os amigos, os companheiros, os familiares e todos aqueles que se cruzam nas ruas da sua vida.

Destes fiéis do Opus Dei, que são leigos na sua esmagadora maioria, alguns, se a isso estão dispostos e com total liberdade pessoal, chegam ao sacerdócio ministerial. Todos os anos, desde 1943, se têm ordenado membros da Prelatura. Em 2018, por exemplo, houve 34 novos presbíteros.

De igual forma, sacerdotes seculares diocesanos podem adscrever~se à Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, associação integrada no Opus Dei. Certamente que a sua missão é a de darem toda a sua dedicação às necessidades pastorais da diocese onde se encontram encardinados, tendo como superior hierárquico incontestável o seu Bispo. Do Opus Dei apenas recebem formação e apoio espiritual para o desempenho das suas incumbências diocesanas.

Em Portugal, o trabalho fixo do Opus Dei iniciou-se em Coimbra no ano de 1946. Foi o primeiro fora de Espanha. Pertencem à Prelatura, entre homens e mulheres, perto de 1.500 pessoas. Há centros em Braga, Porto, Arcozelo (Miramar), Coimbra, Viseu, Lisboa e Montemor-o-Novo.

Um dos pontos fundamentais de referência que têm muito presente todos os fiéis da Prelatura é a oração e o respeito pela unidade da Igreja, o amor ao Santo Padre e a toda a Hierarquia, além de uma profunda devoção a Nossa Senhora. Assim procuram concretizar um ensinamento de S. Josemaria: “A Obra nasceu para servir a Igreja, como a Igreja quer ser servida”.


Autor: Pe. Rui Rosas da Silva
DM

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29 setembro 2018