1.Admiro o optimista, cuja presença encoraja e ilumina como sol da alma e procura sempre valorizar o lado positivo da vida, sem deixar de ser realista e ponderado; mas, não o confundo com o optimista fingido, porque lhe falta humildade, realismo, sinceridade: adultera propositadamente a visão da realidade para a adaptar às suas conveniências e à imagem que quer projectar de si mesmo. Também não confundo optimismo com ingenuidade: aí, falta capacidade de análise da realidade... Que não é o caso da criança: ela é sincera no que faz, mas ainda não tem experiência de vida nem noção das relações causais. Também não confundo optimismo com o idealismo reformador do jovem, para quem o sonho de tudo renovar lhe parece estar sempre à mão (por isso se envolve em causas que, para o adulto, parecem demasiado arriscadas ou quase impossíveis): há aqui um caminho a percorrer… No entanto, muitas causas ganhas se devem ao idealismo do jovem, ao seu entusiasmo contagiante e ao seu impulso sonhador e renovador que não olha a dificuldades. O jovem quase não precisa de estratégia para agir, basta-lhe o impulso do sonho idealista; já o adulto, que passou por muitos invernos, sabe o que custa a intempérie da vida e é mais ponderado, antes de arriscar procura saber os meios de que dispõe para lutar pelo seu objectivo. Por isso se diz que ao adulto falta o entusiasmo do jovem e ao jovem falta a experiência do adulto… Se os dois se completassem, a sociedade seria mais dinâmica e bem melhor…
2.Uma das características importantes da personalidade do optimista é a confiança que tem em si mesmo. E confia tanto mais em si mesmo quanto maior for o grau de optimismo aprendido desde pequenino, na medida em que aprendeu a confiar nos pais e os pais a confiar nele. Ao aprender a confiança, aprendeu também a ser uma pessoa de esperança, determinado, com força de vontade. No mínimo, menos indeciso. Mesmo não agindo por impulso, potencia o que há de positivo nas suas capacidades, avança com ponderação e transmite determinação aos outros. É desta têmpera que se fazem os líderes.
Outra característica importante do optimista é a sua capacidade de dormir melhor, que se vai traduzir depois em melhor saúde e maior longevidade. Segundo um estudo realizado pela Universidade de Illinois (EUA) e, mais tarde, publicado na Revista Behavioral Medicine, durante um mês foi monitorizado o sono a 3.500 adultos e jovens de meia-idade (entre 32 e 51 anos) voluntários, de diferentes regiões do país, o que permitiu classificar a qualidade e duração do sono. Entretanto, para verificar se aconteciam alterações, esse teste foi repetido passados 5 anos. E foram também medidos os níveis de optimismo de cada um dos voluntários. Os resultados deste estudo revelaram associações significativas entre o optimismo e as várias características do sono, tendo-se verificado que os que tinham maiores índices de optimismo relatavam uma qualidade de sono 78% superior à dos mais negativistas. E relatavam também menos 74% de sintomas de insónias ou de sonolência diurna.
3.Embora ainda se não saiba exactamente o mecanismo pelo qual o optimismo influencia positivamente os padrões do sono, há uma hipótese genérica já comumente aceite: a sua positividade amortece os efeitos do stress, favorecendo assim a sua capacidade de adaptação e um sono mais descontraído. Rosalba Hernandez, que orientou esse estudo, concluiu que “os optimistas são mais propensos a envolver-se mais activamente nos problemas e a interpretar de uma forma mais positiva os acontecimentos mais stressantes do dia-a-dia, reduzindo o nível de preocupações e de pensamentos negativos que se instalam repetitivamente na mente e vão remoendo, dia e noite…”. Outra conclusão importante em termos de saúde é que as pessoas optimistas têm um coração mais saudável.
Já se sabe que dormir mal pode estar associado a diversos problemas de saúde, como a diminuição das habilidades mentais, a fragilização da memória, o enfraquecimento do sistema imunológico, o risco de desenvolvimento de obesidade, diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, acidentes vasculares… Uma pesquisa da Northwesten University, EUA, revela que 82% dos pacientes diabéticos que tinham dificuldades para dormir apresentavam maior resistência à insulina; no que diz respeito ao stress provocado por diversas noites mal dormidas, verificou-se que esse cansaço causa stress e aumenta a pressão sanguínea, causando, a médio prazo, hipertensão, mesmo em pacientes sem predisposição para essa doença; em termos de memória, as pessoas que dormem mal têm mais dificuldade de assimilar as informações que vão recebendo durante o dia e de conscientemente as recordar: é durante as horas de sono, um dos momentos mais importantes do nosso dia-a-dia, que ocorre a transformação de proteínas responsáveis pelas conexões neurais responsáveis pela aprendizagem e pela memória... E as pessoas que dormem menos de 6H por dia apresentam mais probabilidades de desenvolver depressão… Em relação à longevidade, segundo um estudo da Escola de Medicina de Boston, constatou-se que a maiores níveis de optimismo está associada uma maior longevidade (os optimistas duram mais 11% a 15% do que os pessimistas)...
(Nota: o autor não escreve conforme o Acordo Ortográfico)
Autor: M. Ribeiro Fernandes