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O nosso Verão

Isto de sondar os humores do tempo é coisa que nos vem com a idade. Vamos acumulando anos ao cartão de cidadão e, a dada altura, sentimo-nos no direito de conjecturar sobre o tempo que faz e sobre o que há-de vir: a chuva que trará o vento que sopra do norte, o que nos diz a cor do céu, à hora que o sol se esconde no horizonte, ou qualquer dia de Março mais quente que o normal. Saber dissertar sobre os assuntos do tempo é dominar uma mistura de arte, ciência e memória, ferramenta sempre tão útil para entabular ou rematar conversa, quando não há outro tema que nos ocorra. Até para iniciar crónicas serve, vejam lá!

Voltando aos Verões, estou convencida de que todos temos um, guardado, que é único e nos pertence de pleno direito: talvez uma ideia de férias grandes na aldeia, cristalizada e adocicada pela distância dos anos; talvez as temporadas na Apúlia, na Póvoa ou até mais lá para baixo, na Nazaré e no Algarve; talvez as sardinhadas de irmãos, primos e tios ou as viagens intermináveis por estradas nacionais, em automóveis atulhados connosco e com as bagagens. Depois, os Verões mais novos, com festivais de música a transbordar de liberdade, aventura e despreocupação. E sempre, sempre, o regresso à escola que parecia ser dali a muitos anos. 

Este Verão pode ser o que ele quiser, porque o meu, fixado nas fotografias que há pouco revisitei, é o que trago sempre comigo. Aquele mesmo, quando éramos eternos como os dias sem fim, quando não tínhamos que fazer escolhas, quando só havia um caminho que era ir a todo o lado, quando não sabíamos essa coisa da saudade, porque todos os nossos estavam connosco. Um Verão de sol, praia e gelados. E nós, meu Deus, tão lourinhos e bronzeados que nós eramos, tão felizes…


Autor: Fernanda Lobo Gonçalves
DM

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9 julho 2017