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O nacionalidade

Temos que louvar e apoiar sem qualquer reserva a ideia dos deputados do PCP para criar uma ligação ferroviária direta entre Braga e Guimarães. São cidades vizinhas, com um desenvolvimento notável, historicamente ligadas por laços da fundação da nacionalidade: se em Guimarães esteve e residiu D. Afonso Henriques, em Braga repousam os restos mortais de D. Teresa e D. Henrique, seus pais. Segundo Veríssimo Serrão, em História de Portugal, «Alexandre Herculano curvou-se perante a arca tumular que se encontra na sé bracarense e rendeu tributo ao “bom cavaleiro francês”». Oiçamos a História de Portugal: entre Douro e Minho ficavam os grandes centros do Condado: o religioso em torno da Igreja primacial de Braga; o político, centrado na vila de Guimarães; a cidade de Braga era, a essa época, a grande metrópole religiosa, de longa tradição, como antiga capital da Galécia. Atrever-nos-íamos a dizer que em Braga se gerou a nacionalidade que haveria de nascer em Guimarães. Estas duas cidades, com mais de trezentos mil residentes, poderiam, presentemente, valer uma complementaridade turística a aproveitar: quem fosse de visita à Colina Sagrada, de Guimarães – castelo, capela e Paço do Duques – poderia ser encaminhado para Braga para visitar o Sameiro, o Bom-Jesus e a Sé e nesta, os túmulos dos pais do fundador. Era o turismo histórico enlaçado no turismo religioso. D. Paio Mendes, arcebispo de Braga, aconselhou D. Afonso Henriques a assinar o tratado de Tui. Se assim foi no século XII porque não no século XXI? Ora para isso tornar-se-ia necessária uma ligação, tipo metropolitano de superfície, que permitiria uma ligação rápida, sem trasbordos, massadas ou esperas como aconteceria se a ligações fosse feita de comboios entre as duas cidades da nacionalidade. Para além deste aspeto turístico há que pensar que muito do trânsito automóvel, que hoje entope a estrada nacional que liga Braga a Guimarães, deixaria de ser tão necessário. A auto-estrada, assim como o metropolitano, não servem as localidades que existem entre as duas cidades. E nessas localidades existe gente e comércio, indústria e serviços que determinam deslocações que não podem ficar à mercê dum trânsito entupido. Ora o metropolitano retiraria desta estrada muito automóvel, alem de que seria menor a poluição hoje existente e fá-la-ia atenuar em parte significativa, uma vez que o “metropolitano da nacionalidade”, como é óbvio, seria elétrico. Quem transita diariamente na estrada que liga as duas cidades, pode avaliar o tempo, a arrelia e o gasto de combustível que ali se queimam. Quando nos dizem que a estrada 125 do Algarve tem muito movimento eu desafio-os a virem ver o tráfego desta estrada, em horas de ponta, e depois comparem-nas e digam-nos qual é mais saturada das duas. Penso que as duas autarquias deveriam apoiar este projeto. O metropolitano seria uma via estruturante para as cidades de Guimarães e Braga. Parece-me mesmo que as duas câmaras municipais deveriam formular candidatura a fundos estruturais europeus. Não vejo quem possa ser prejudicado por tal ligação; vejo, outrossim, uns pés grandes para outras caminhadas na regionalização. Talvez as expropriações de terrenos possam obrigar a negociações mais melindrosas, mas para isso é que o envolvimento dos dois municípios e autarquias de freguesia, devem cooperar no sentido de limar arestas e remover escolhos. Vamos a isso que a ideia é boa e os povos das duas cidades agradecem, com certeza. E todos ficamos a ganhar seja qual for o ângulo por que a observemos. Então cheguemos lá em 15 minutos, n’O Nacionalidade.


Autor: Paulo Fafe
DM

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6 maio 2019