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A vontade tende a fazer de nós optimistas militantes. Mas, por vezes, a realidade opta por transformar-nos em pessimistas impenitentes. Há muitos anos, Albert Schweitzer confessou que a «sua vontade era de optimista». Mas, em contrapartida, «o seu conhecimento era de pessimista».
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Bem mais perto de nós – no tempo e no espaço –, Mário de Carvalho sentenciou que «o pessimista é um optimista bem informado». Estaremos condenados a ver a esperança derreada – e derrotada – pela realidade?
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Com uma sinceridade ao nível do seu génio, Albert Einstein foi ao ponto de decretar que «a ciência é a morte de belas teorias através de factos horríveis». Mark Twain percebeu – igualmente com uma assustadora lucidez – que «os factos são teimosos».
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Estará a história condenada a ser «um lamentável declínio», como garantia Hesíodo nos distantes séculos VIII e VII a.C.? Não admira que, em pleno século XI, o Arcebispo Wulsftan assegurasse que «o mundo se aproximava velozmente do fim».
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O certo é que – mil anos volvidos – o mundo ainda se mantém. E com a recorrência das mesmas pulsões pessimistas. Como notou Arthur Schopenhauer, o ser humano oscila continuamente entre «o pessimismo da inteligência» e o «optimismo da vontade».
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E se Hesíodo entrevia que tudo está em «declínio», já Max Scheller entendia que «tudo tende para o cume». Que papel nos caberá no sentido de enfrentar os sintomas de declínio e de optimizar as energias da esperança?
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É óbvio que – parafraseando Sophia –, se «vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar». Um optimismo desligado da realidade estaria meramente filiado na ingenuidade. De nada nos serviria.
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Há duas atitudes que nunca podemos tomar: silenciar o que ocorre e desistir de melhorar o que acontece. Foi assim que procederam os cristãos da primeira hora. Com risco da própria vida, assumiram que não lhes era lícito «calar o que viam e ouviam» (Act 4, 20). E com uma coragem à prova de qualquer ameaça, estavam sempre disponíveis para «dar a conhecer as razões da sua esperança» (1Ped 3, 15).
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Isto significa que, no mundo, não se resignavam à situação presente do mundo. Faziam-se portadores de um futuro capaz de alterar o rosto de cada presente. Trata-se de um futuro oferecido pela eternidade do Deus «humanado» em Cristo.
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Eis o que falta. Eis o que urge. Mais do que lamentos pessimistas ou vagas proclamações de optimismo, o fundamental é ir para o mundo para o tornar melhor. Sulcando-o com o Evangelho de Jesus!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira