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O mundo ao contrário

1 – Três notícias quase simultaneamente divulgadas por diversos órgãos de comunicação social, deram-nos, pelo seu conjunto, a estranha sensação de que o Pólo Norte se deslocara para o Pólo Sul e este para o Pólo Norte. 2 – A primeira é a de que o PAN (partido político dos animais, para quem não souber) pretende a criação de um Serviço Nacional de Saúde para cães e gatos (outras «famílias» se lhe juntarão depois). As notícias não disseram, mas supõe-se que se pretenderá universal e gratuito como o outro – o que se destina a servir Pessoas, como o leitor ou como eu. 3 – A segunda é a notícia-que-já-o-não-é de que as grávidas de Portugal têm que percorrer, de ambulância, centenas de quilómetros, de hospital para hospital, até que encontrem um que lhes assista ao parto. Porque há serviços que estão fechados por falta de pessoal. Porque não há obstectras. Como não há muitas outras especialidades. Mas, em contrapartida, há listas de espera infindáveis, há doentes em macas (quando não em poltronas) nos corredores, há desumanos tempos de espera por atendimento, há os poucos enfermeiros e médicos esgotados até à exaustão . É, afinal, a novidade que, no Serviço Nacional de Saúde (o das Pessoas), não há novidades: continua cada dia pior que o anterior. 4 – Finalmente a terceira notícia: matilhas de cães errantes e sem dono atacam pessoas e rebanhos. Para além da sua ferocidade ou mansidão, estes animais não estão vacinados nem desparasitados, são possíveis transmissores de doenças graves a racionais e irracionais. Em tempos que já lá vão, estes animais eram apanhados pela «rede» municipal e transportados para o respectivo canil, onde eram abatidos. Uma recente lei portuguesa proíbe este abate. Segundo ouvi, na T.V. a um veterinário especialista nesta matéria, agora estes animais são recolhidos nos canis municipais (onde os há) e aí ficam instalados até que alguém os adopte – o que, na maioria dos casos, não acontece. Segundo o mesmo técnico, são já aos milhares na soma dos municípios do país. Sustentados pelo erário público. Obviamente. Acrescento uma coincidência curiosa: os adversários do abate destes animais geralmente são partidários da eutanásia humana. 5 – Conclusão: na hierarquia da valores morais da sociedade portuguesa actual o valor «bicho» sobrepõe-se ao valor «homem». Os racionais sejam pacientes e esperem. Os irracionais estão primeiro. «Animals first» – como diria um conhecido político. Decididamente o mundo está ao contrário! Nota: por decisão do autor, este texto não obedece ao impropriamente chamado acordo ortográfico.
Autor: M. Moura Pacheco
DM

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28 agosto 2019