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O mau uso da Beleza e o culto da feiura

Para suscitar o desejo de posse e de satisfação, em cada momento, esses modelos prejudicam as nossas donzelas, porque as transformam em “quase objetos”. Tais modelos de beleza-posse preenchem os anúncios publicitários, as capas das revistas, os cartazes de rua e muitos filmes, que, no fundo, vão sempre desembocar na sensualidade despudorada.  

Em segundo lugar, o outro argumento que coloca em dúvida a verdadeira Beleza é o culto do feísmo. Este é uma forma de rebelião para com o belo, segundo a qual toda a beleza é um engano que deve ser desmascarado e destruído. O culto da feiura age como o piromaníaco que obtém satisfação ao destruir a beleza  dos bosques. Vê as virtudes como mentiras e o vício como uma manifestação de sinceridade. Trata-se de uma espécie de suspeita de que tudo o que é bom e belo é consequência da falta de curiosidade. O cinismo e o desdém são consequência da perda da capacidade de admiração.

Sem a Beleza, a curiosidade trabalha às cegas, não tem a que se agarrar, ou seja, sem a verdadeira admiração, a Beleza não se vê porque os olhos da alma estão danificados. No entanto, e apesar de tudo isto ser evidente e estar à vista de todos, o culto do que é feio chega à juventude de diversas maneiras: em forma de brinquedos, livros, filmes, videojogos... jogos de luta e de guerra violenta e gratuita, rostos horrendos, figuras tétricas ou de visuais agressivos e escuros. 

Apesar de existirem tantas coisas belas, por que razão é que muitas crianças e adolescentes sentem atração pela feiura? Por que existe o culto do feísmo? Este tipo de culto existe porque não se interioriza, nem se desenvolve a autêntica curiosidade ou admiração pelo saber equilibrado e consentâneo com a dignidade humana. O grande flagelo dos referidos brinquedos tétricos, violentos e escuros, acompanhada por conteúdos tenebrosos, televisivos ou da internet, persegue constantemente a nossa juventude. Acresce ainda que todos os livros, filmes, séries e brinquedos nos quais vemos feísmo e que fazem sucesso são os que contêm um fundo de mistério.

Apesar do cuidado, do acompanhamento e da vigilância de alguns pais, os filhos sentem atração pelo mistério, pela magia, pelos poderes escuros da natureza, pelo vampirismo e outras fascinações afins. A indústria responsável por estes brinquedos e jogos conhece muito bem as crianças e os jovens e sabe como conquistá-los. O disfarce de mistério e de magia é o que prende as crianças e facilita a entrada do brinquedo na sua vida interior.

Apesar de tudo, mas a pesar amargamente na consciência das pessoas, este mistério vazio, tétrico e vulgar, não preenche, de um sentido genuíno, a vida da criança. É preciso ampliar os horizontes da criança com coisas Belas. Educar é dar oportunidades de Beleza ao educando. Só assim se respeita a sua verdadeira natureza, as suas necessidades, os seus ritmos e a sua ordem interior. Dizia Dostoiévski que “a beleza salvará o mundo”.


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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6 julho 2017