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O jogo da vida

Neste momento, apesar do desconfinamento ter iniciado a sua terceira fase do plano, ainda é preciso muito cuidado, tendo em conta aquilo que está definido como os riscos do contágio do COVID-19.

A sociedade tem obrigação de manter as cautelas máximas no distanciamento, na higienização, mas também na forma como se comporta nos espaços públicos, comuns ou comerciais. As máscaras são importantes e têm um papel crucial

na contenção da propagação do vírus. Apesar desta possibilidade de voltar à vida ativa, ainda não podemos estar à vontade, muito menos “à vontadinha”, como se dizia na tropa. No entanto, continuamos a constatar que as pessoas, principalmente os mais jovens, provocam algum risco e dão grandes abraços ao perigo de contágio e, portanto, de propagação desta coisa terrível, que muitas famílias já sentiram o seu efeito na pele e na alma.

Estou convencido que brevemente, ainda teremos mais “liberdade” de ação, mas ainda é cedo para entrar, sem preocupações higiénicas e de convívio próximo, desmedido, em locais públicos. A verdade é que ainda estamos todos em risco de sermos agentes de contaminação e é isso o que todos devemos ponderar e evitar.

O futebol retomou a competição, com medidas extraordinárias de segurança e contenção social, mas é inconcebível que as claques se juntem nas imediações dos estádios para demonstrarem apoio aos seus clubes. As claques do Famalicão e do FC Porto, na última quarta-feira, foram, particularmente neste aspeto, um péssimo exemplo. Eu sou a favor da abertura da vida para além do Covid-19, mas dentro de uma conduta de proteção de todos, e, em especial, da população de maior risco.

Não há necessidade de arriscar e as autoridades deveriam, de facto, marcar uma posição efetiva sobre esta matéria. Desde o primeiro momento, que eu defendo que as medidas devem ser inteligentes e acima de tudo, coerentes, com os princípios de ação e de conduta. É lógico que é importante voltar a uma vida social ativa, a poder praticar desporto, a poder desfrutar dos prazeres da vida. É importante não hipotecar as gerações mais novas, no que toca à sua atividade e formação pessoal, mas não podemos ter pressa.

Fernando Pessoa tem uma frase muito interessante que reflete este sentimento: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”. E, ainda, corremos riscos elevados, pois estamos numa fase que poderemos ter que dar passos atrás, e com isso, perdermos o tempo e o esforço que fizemos perante esta pandemia.

É lógico, que dentro de duas a três semanas, se continuarmos a evoluir positivamente nesta contenção pandémica, deveria ser ponderada a abertura efetiva de todos os espaços que nos fazem falta, para cumprir de uma forma alegre, mas controlada, aquilo que nos permite evoluir enquanto seres humanos.

Um deles, a bancada aos adeptos. Porque não? Se forem planeadas e implementadas medidas de segurança e contenção, salvaguardando o devido distanciamento social (mesmo nos festejos do golo…), penso que seria uma boa medida a aplicar. Contudo, nos tempos que correm, é ainda cedo para menosprezar o jogo da vida.


Autor: Carlos Dias
DM

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5 junho 2020