Quando há pouco mais de um ano a jovem sueca, Greta Thunberg, começou a ser notícia pela sua greve às aulas para chamar a atenção dos altos responsáveis mundiais para as alterações climáticas, estava longe de imaginar que a sua atitude arrastasse tanta gente e assumisse as características de um movimento à escala global.
À primeira vista, parecia ser apenas um ato de rebeldia de uma adolescente que teria encontrado uma forma justificável de descartar as aulas e uma certa forma de conquistar protagonismo com um tema que, longe de reunir consensos, não deixa de ser extraordinariamente preocupante.
Puro engano!
Na sequência dessa greve às aulas iniciada em agosto de 2018, o gesto daquela menina sueca estendeu-se a muitos outros países e tem contagiado amplas camadas de população juvenil e de outras faixas etárias, que veem nessa forma de protesto uma chamada de atenção para as consequências nefastas das alterações climáticas.
Desde então, Greta Thunberg não tem parado. Viajando pelo mundo utilizando transportes mais ecológicos, a jovem tem tido palco em diversas instâncias relevantes e teve mesmo oportunidade de discursar, a convite do secretário-geral da ONU, António Guterres, na Cimeira da Ação Climática que decorreu em 23 de setembro, em Nova Iorque e, mais recentemente, na Cimeira do Clima, no último dia 6, em Madrid. Por onde tem passado, a ativista sueca tem merecido honras de estrela mundial.
Atendendo à importância do tema que a catapultou para os escaparates da comunicação social, dando-lhe um desconto pela sua juventude pelos excessos de linguagem por vezes utilizada, Greta Thunberg tornou-se sem qualquer dúvida uma das maiores personalidades do ano quase a terminar.
Apesar de me apetecer questionar de onde vêm os apoios de que dispõe para levar por diante o seu ativismo militante, discutir a quem interessa disponibilizar-lhe os meios para que possa continuar a espalhar a sua mensagem, não duvido dos seus desassossegos, nem tão pouco das suas boas intenções.
Na verdade, um pouco por todo o mundo as alterações climáticas são uma ameaça em crescendo às condições de vida no planeta não só para o ser humano, mas também para todas as espécies que o habitam.
No entanto, perante tão grande flagelo e às catastróficas consequências que pode trazer para toda a Humanidade o que tem sido feito pelos grandes líderes mundiais? Será possível mudar o rumo dos acontecimentos? Será mesmo verdade que o aquecimento global está intimamente relacionado com a produção dos gases com efeito de estufa que levam ao aprisionamento de mais energia solar e à consequente elevação da temperatura?
Não pretendendo nem cabendo neste texto aprofundar matéria tão sensível e difícil e não existindo evidências irrefutáveis, acredito que sempre mais vale prevenir do que remediar e, por isso, com as ressalvas mencionadas, presto a minha homenagem à ação desassombrada da jovem ativista sueca, Greta Thumberg que, pelo menos, teve e tem o condão de abanar consciências.
Porém, não sendo possível à nossa civilização retroceder para os tempos da era pré-industrial, creio que é forçoso não cruzar os braços. Não para de repente tudo resolver! Não para num curto espaço de tempo acabar com os combustíveis fósseis, deixar de usar transporte aéreo, reconverter indústrias e alterar drasticamente muitos dos hábitos de consumo adquiridos ao longo das últimas décadas.
Não será possível mudar tão depressa quanto as atuais circunstâncias o aconselhariam!
No entanto, é fácil e viável introduzir nas escolas uma disciplina que capacite os alunos para a problemática do ambiente e o respeito a ter para com a natureza, planear e pôr em prática mais campanhas em larga escala que eduquem para a importância da reciclagem e outros pequenos gestos que nos poupem a ter de ver rios e riachos transformados em lixeiras e muito do mar pejado de plásticos e outros resíduos.
Para não perder mais tempo, a par de outras medidas mais demoradas e de mais longo alcance como continuar a reduzir a produção dos gases com efeito de estufa e apostar cada vez mais na produção de energias renováveis, já não seria mau começar por educar massivamente para a sustentabilidade ambiental.
Autor: J. M. Gonçalves de Oliveira