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O fair play não é uma treta!

Falar de valores e ética no desporto é, nos dias que correm, tão importante como crucial. A palavra ética leva-nos para o domínio da filosofia que tem por objetivo o juízo de apreciação que distingue o bem e o mal, o comportamento correto e o incorreto. Os princípios éticos constituem diretrizes pelas quais o homem rege o seu comportamento. Entende-se por ética as regras que são dadas de modo normativo, que uma pessoa deve seguir, que variam de sociedade para sociedade. Ao agir de acordo com essas normas, a pessoa age de modo ético. Assim, falar de ética significa falar de uma ação que é guiada por um padrão construído socialmente. Talvez a manifestação mais expressiva da ética no desporto seja a introdução do “fair play”. Fair play significa “jogo limpo” e foi difundido por Pierre de Coubertin, idealizador dos Jogos Olímpicos modernos, a partir dos ideais aristocráticos ingleses de lealdade e honra, e que perseguem os valores como a honestidade na execução da tarefa e respeito pelo adversário. A ideia do fair play é bastante apelativa, pois procura tratar o desporto como uma prática lúdica, que remete ao prazer de jogar. Mas hoje, com a extrema profissionalização deste fenómeno, a conquista da vitória sobrepõe-se a tudo e temos até treinadores a afirmar que “o fair play é uma treta!!!” Por ser tudo menos uma treta, os clubes profissionais devem fazer o que estiver ao seu alcance para que estes valores sejam sentidos em todas as suas ações. Podemos ser competitivos, vencedores e, ao mesmo tempo, saber ocupar o nosso lugar na sociedade e respeitar o próximo. Nunca o mal dos outros pode ser o nosso triunfo. Jamais vale tudo que não seja legal e ético no Desporto para se atingir a vitória. Acredito num Desporto que persiga diariamente os objetivos de Cooperação, Cordialidade e Respeito, Iniciativa e Participação, Entreajuda, Solidariedade, Empenho, Fair Play, Compromisso e Responsabilidade, Cidadania e Espírito Democrático, Justiça e Honestidade. Sendo Braga a Cidade Europeia do Desporto 2018, seria um bom ano para, transversalmente, se construir e assumir uma “Carta de Compromisso”, assinada entre os diferentes clubes da cidade e estabelecimentos de ensino, em relação à Ética Desportiva. Orgulhosamente vejo o Sporting de Braga a assumir-se como pioneiro nesta matéria e a levar a cabo um projeto inovador que mostrará a grandeza do clube em todos estes valores anteriormente referidos. Ser-se grande é, nestas alturas, assumir a sua importância e ajudar a formar e a educar por valores desportivos de excelência. Sei bem que os clubes vivem de resultados e que a cultura vencedora tem que estar sempre presente. É isso que os sócios esperam e desejam todos os fins de semana. Mas um clube que pensa o Desporto nas suas diferentes variáveis, e arrisca avançar com estas metodologias, para além de estar a apoiar a construção futura de uma sociedade mais justa, é um clube VENCEDOR em todos os momentos da sua história.

Autor: Ricardo Sousa
DM

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10 outubro 2017