Mas, nas conferências, pré e pós jogos, estraga essa imagem, como aconteceu ao definir previamente objetivos pontuais, que começam a parecer inatingíveis, ou quando entra em comparações de posse de bola, miúdas, golos e sexo que levam ao delírio as redes sociais mas, não acrescentam pontos ao Sporting de Braga.
Um autor que gosto imenso de ler, Jorge Valdano, tem uma máxima sublime de que gosto particularmente. Diz ele “Já que investimos tanto tempo em tirar a bola ao adversário, não terá chegado o momento de nos questionarmos o que fazer com ela quando a tivermos?” E é nisto que penso que podemos e devemos melhorar muito. O que fazer com a bola? Ou, e parafraseando o nosso treinador, o que fazer com a miúda?
Elas (bolas e miúdas) gostam de ser bem tratadas, e isso passa essencialmente por passear em relvados verdejantes dando-lhes toques subtis e bem direcionados, fazendo com que se sintam desejadas, ao invés de as “lançar” sistematicamente para confusões no meio campo através de pontapés de baliza (onde a possibilidade de nos continuarem a acompanhar, baixa 50%) ou quando da marcação de qualquer livre, poucos metros à frente do meio campo, a opção ser colocá-la diretamente na área adversária. Lançar uma miúda, perdão, a bola para uma zona onde há, sensivelmente, seis colegas e onze adversários, dá-nos uma percentagem muito reduzida de manter a bola, perdão, a miúda connosco.
Sem querer plagiar um distinto braguista que escreve semanalmente no Record (António Costa) e que elogiou recentemente a nossa equipa feminina, apetece passar a frequentar mais assiduamente o velhinho 1º de Maio, ao invés da Pedreira, pois aí, as bolas e as miúdas, dão-nos mais prazer e alegria, ao tratarem-se, mutuamente, tão bem, que se arriscam, até, a ser campeãs nacionais logo no ano de estreia.
Caro Jorge Simão, vá lá, fale com elas, perceba como tratam a bola e como gostam de ser tratadas e aplique isso na Pedreira, até porque, e para o fazer como certamente gosta, já conta por cá com quase 30% dos jogadores que estavam a permitir-lhe uma excelente época em Chaves.
Depois da exibição positiva com o líder do campeonato, e apesar do grego com uma dança esquisita lhe (nos) ter “sacado” a miúda quase no fim do baile, nós queremos continuar, ou melhor, começar a acreditar no que diz, e, principalmente, no que faz.
Curiosamente, Setúbal parece-nos ser um bom local para o discurso e o percurso se complementarem de forma positiva, pois é a terra da “última miúda” que (con)vencemos, há sensivelmente um mês, no Algarve.
Autor: Carlos Mangas