A noite de S. João, 23 para 24 de junho - à atenção da DGS - com especial incidência nas cidades de Braga e Porto, foi diferente porque, responsavelmente, vivida e festejado em casa. Neste mesmo dia, mas em 1894, o barão Pierre de Coubertain criou o Comité Olímpico Internacional. De uma parceria do Comité Olímpico e da Câmara Municipal de Braga, e com a moderação do jornalista António Simões, decorreu no dia 23 um debate, transmitido na plataforma ZOOM, sobre os impactos e desafios deste 1º adiamento de uma olimpíada. O debate contou com um painel de excelência, a saber: Emanuel Silva medalhado olímpico e com 4 olimpíadas no curriculum; Mariana Machado uma campeã e “pré-olímpica” de excelência; Pedro Roque diretor desportivo do Comité Olímpico e Marco Alves, chefe da missão Tóquio 2020.
Parafraseando António Simões, temo que algum dos iluminados que tem andado a destruir e vandalizar vultos da história da humanidade, tenha ouvido o debate. Se tal aconteceu, andam neste momento à procura de estátuas do sr. Coubertain por, naquele tempo, ele ter proibido as mulheres de participar nos JO, dando-lhes como única e nobre missão, coroar os vencedores. Eu prefiro valorizar o que ele conseguiu, ao colocar de pé, palavras do Emanuel – o maior evento desportivo do Universo. E já que me refiro ao Emanuel, entendo que a sua intervenção deveria constar do prefácio de um qualquer compêndio a explicar como se “cria” e se (trans)forma um desportista em… atleta de alto rendimento. Com a sua longevidade desportiva poderia sentir que este adiamento o prejudicaria. Qual quê?
“Adiou-se? Não há desculpas, mais um ano de trabalho no duro pois ( referindo-se à bolsa) somos profissionais pagos com o dinheiro do povo português e temos de provar que o merecemos” - foi a sua resposta. Estou a imaginar CEO(s) do Novo Banco e da TAP - para falar só de casos mais mediáticos – com este tipo de afirmações, acerca do uso dado (ou a dar) aos dinheiros públicos.
Depois foi a vez de Mariana Machado mostrar o porquê de sentirmos que Braga vai ter mais medalhas Olímpicas, ao falar da forma como superou as adversidades nestes tempos de COVID. As saídas de madrugada para treinar, o fazê-lo sozinha, o sentir que fazendo o que se gosta, ficamos mais perto da excelência. Para ela, este adiamento permite-lhe estar mais preparada em 2021… para ir a Tóquio enquanto que a pandemia a “deixou” concluir o 2º semestre do 2º ano de medicina, que estaria “em perigo” a manterem-se os trabalhos “forçados” para as competições e Jogos. Marco Alves, chefe da missão congratulou-se com estes exemplos, que representam muitos outros atletas de excelência existentes no nosso país, não só nestas modalidades - canoagem e atletismo – mas também, digo eu, no taekwondo, judo, ténis de mesa, etc.
Organizadores dos JO, não desesperem, em 2021 terão aí portugueses a fazer furor e, alguns deles, de Braga.
Autor: Carlos Mangas