O Jornal Diário do Minho, no seu espaço intitulado “Espaço Aberto”, tem sido utilizado como espaço de opinião de intérpretes políticos do nosso concelho, que têm dirigido a sua preocupação junto do fenómeno desportivo e das políticas de envelhecimento ativo promovidas pelo Município de Braga.
A democracia que hoje felizmente conhecemos, possibilita que estes espaços de opinião sejam frequentemente utilizados com teores político-partidários, sobretudo em períodos como o que vivemos, nomeadamente de campanha política autárquica.
Relativamente a esta situação em concreto, nada a opor, sendo um mecanismo perfeitamente aceitável. O que não é aceitável é a utilização de um espaço nobre de comunicação, por parte de elementos com cargos de vereação, de referir informações incorretas e manifestar sobretudo a falta de conhecimento profundo das áreas em que pretendem intervir, senão vejamos.
Refere-se a existência de uma Carta Desportiva efetuada em 2001. Temos que ser corretos e referir que este foi apenas um Atlas de Instalações Desportivas, sem qualquer tipo de tratamento estatístico ou recolha do número de praticantes e/ou associações desportivas, que desta forma apenas permitiu dar a conhecer quais as instalações existentes, as suas caraterísticas e a sua localização.
A Carta Desportiva efetuada em 2014, por decisão deste executivo municipal, foi um documento estrutural, obrigatório e fundamental para a tomada de decisões que possibilitaram o alavancar do desporto no concelho de Braga, seguindo todas as regras e procedimentos do Sistema Nacional de Informação Desportiva (SNID), permitindo assim uma radiografia exaustiva do fenómeno desportivo concelhio.
De referir ainda que a Carta Desportiva de 2014 cumpriu inteiramente a sua função, efetuando uma recolha de elementos do passado, efetuando uma análise do presente e projetando soluções futuras, perante os erros, desajustes e desigualdades verificadas no território.
Valores referidos no “Espaço Aberto”, pelo Sr. Vereador Artur Feio, de 872 instalações desportivas e recreativas (dos quais 642 instalações desportivas e 230 parques infantis), 733 mil metros quadrados de área desportiva por habitante, de doze mil atletas, 52 modalidades, 132 clubes, quatro metros quadrados de área desportiva por habitante, falta de espaços desportivos informais, foram apenas o ponto de partida para este executivo municipal. A referência que a “Cidade dos Arcebispos fosse um centro de um concelho com maior área desportiva por habitante em Portugal, bem acima da média europeia” é de certa forma bem demonstrativa da falta de conhecimento na área. Braga possuía em 2014, 4.04 m2/habitante, apenas 0.4 m2 acima do aconselhado pelas instâncias europeias.
Prosseguindo com a Carta Desportiva, este é um documento em constante atualização, estando a ser preparada para muito breve a apresentação e publicação da sua atualização, fazendo assim aquilo que mais gostamos, mostrar provas aos bracarenses do trabalho efetuado, no entanto, aproveitamos também este espaço para dar a conhecer alguns dos valores que agora caraterizam o concelho de Braga e que vêm corrigir os erros caraterizados na Carta Desportiva de 2014:
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cerca de 800 instalações desportivas (acréscimo de 158 instalações desportivas);
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956.525,31 m2 área desportiva (aumento de 223.525,31 m2, dos quais, mais de 130.000 m2 se referem a instalações desportivas para a prática desportiva informal como corrida, caminhada ou bicicleta).
Parafraseando ainda o Sr. Vereador Artur Feio “O desporto é um direito e os bracarenses merecem que seja pensado e organizado com o objetivo de chegar a todos, cumprindo as suas necessidades e desejos”. Considero esta uma excelente definição do trabalho atualmente efetuado no âmbito desportivo, demonstrando os seguintes exemplos que demonstram a excelência do trabalho efetuado em Braga:
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O crescimento exponencial de quatro para catorze programas desportivos municipais, dando resposta a todas as faixas etárias e populações específicas, com mais de 3.500 utentes inscritos;
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O pagamento do seguro e das taxas de filiação a todos os atletas dos escalões de formação desportiva, em todas as modalidades e ao desporto adaptado, quando esta medida apenas se verificava junto da modalidade de futebol;
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O apoio ao nível do transporte dos atletas, promovendo dois apoios monetários anuais para a aquisição de carrinhas de 9 lugares;
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As medidas de discriminação positiva para o desporto no género feminino;
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O crescimento exponencial do número de eventos desportivos que permitem a participação da população e/ou a presença enquanto espectadores, que colocou Braga nos principais pontos do turismo desportivo;
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O sucesso de Braga Cidade Europeia do Desporto 2018, que alavancou a prática desportiva dos bracarenses a níveis inimagináveis, tais como:
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169 entidades promotoras de desporto (+ 37 que na Carta Desportiva de 2014);
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36,2% da população pertencia a um clube ou associação desportiva (+ 21,6% que na Carta Desportiva 2014);
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59,3% dos bracarenses prática desporto ou exercício físico (+ 32% que na Carta Desportiva 2014 e + 33,3% que a média nacional).
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As políticas de envelhecimento ativo não se encontram esquecidas em Braga. Esquecido sim está certamente o Sr. Vereador Artur Feio, ao não mencionar programas já iniciados nos executivos PS, tais como o BragActiva e o anteriormente designado “A Água Não Nos Mete Medo”.
Estes dois programas desportivos municipais destinados à população sénior (BragActiva e Natação Sénior), entretanto otimizados, são soluções perfeitas para o envelhecimento ativo da nossa comunidade, acolhendo mais de 1.500 utentes seniores do concelho em atividade ininterrupta, aos quais, mais recentemente se associou o Boccia Sénior, que integra mais 400 utentes, perfazendo perto de 2.000 utentes inscritos nestes programas desportivos.
Aceitando a recomendação do Sr. Vereador Artur Feio “Braga tem de responder com eficácia e medidas concretas à decisão da OMS, que coloca o envelhecimento no centro das políticas de promoção de saúde nas urbes que integram o movimento das Cidades Saudáveis, através de programas que pretendem obter ganhos em saúde,…”, aceitamos o repto, mas antecipamo-nos, tendo Braga aderido em 2019 à Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis e à Rede Europeia de Cidades Saudáveis da OMS.
Recomenda-se a leitura do recente Plano Municipal de Saúde 2021 – 2026, que carateriza e projeta a preocupação municipal em torno da saúde dos bracarenses e que, abordando a importante questão do envelhecimento ativo, apresenta projetos como o BragActiva, Natação Sénior, Boccia Sénior, Academia do Conhecimento, Avóspedagem, diversas atividades e iniciativas culturais e ambientais na Quinta Pedagógica, entre outras, sem descurar a importância de outros projetos no âmbito da saúde como o Braga a Sorrir ou o Programa Abem – Rede Solidária do Medicamento, o Programa de Apoio Psicológico e Nutricional, que caraterizam a oferta do novo Gabinete Municipal de Saúde.
Braga no desporto e no envelhecimento ativo não está esquecido, muito foi feito, mas sabemos que muito mais existe a fazer em prol dos bracarenses. Sabemos é que as propostas que o Sr. Vereador Artur Feio aponta, encontram-se já implementadas, o que uma de duas realidades: a antecipação das medidas indicadas pela oposição e/ou o desconhecimento da realidade do nosso concelho, algo preocupante para quem se apresenta para dirigir o nosso destino.
Autor: Sameiro Araújo