Fundamentou-se nas boas práticas políticas, na seriedade usada no dia-a-dia da autarquia, no sentido de responsabilidade e na capacidade de saber estar, de saber ser e de saber fazer de quem esteve a gerir a junta de freguesia.
Qualquer gestão, exercida nos organismos públicos, não se ajusta a amadorismos, a leviandades ou a vaidades do poder. Quem assume tarefas públicas tem que saber para o que vai e tem que estar ao serviço completo de todos, sem excepção. A toda a hora e em todos os lugares. E quem se apresenta a eleições e as quer ganhar tem que elaborar um programa sério e arrojado, mas exequível, arquitectar uma estratégia clara, traçar um rumo orientador de políticas de verdade e de rigor e definir objectivos que possam ser concretizados. Estes são os pontos básicos de uma candidatura ganhadora.
É evidente que a qualidade do cabeça de lista e a diversidade técnica, cultural e humana da sua equipa são elos fundamentais para se conseguir uma vitória inequívoca e congruente com o projecto previamente trabalhado. Não basta fazer promessas incipientes e ilusórias, espalhar sorrisos, dar umas palmadinhas nas costas do eleitor ou usar um palavreado de ocasião para que o poder lhe possa cair nas mãos. É preciso muito mais: ser sério, ser inteligente, ter classe e ser, fundamentalmente, um cumpridor de promessas.
Ricardo Rio vai sujeitar-se de novo ao escrutínio eleitoral. Todos sabemos que no mandato que agora termina, foi construída uma auréola de mudança que irradiava uma atmosfera favorável e uma luz de esperança para a vida de todos os munícipes. Era uma mudança desejada e com crédito garantido. Ora, essa luz de esperança foi-se dissipando e esfumou-se em desencantos.
Mas, afinal de contas, Ricardo Rio falhou ou não falhou como primeiro edil da CMB? Que promessas não foram cumpridas?
Em primeiro lugar, Ricardo Rio tinha tudo para ter sucesso. Se não o teve foi, porque não teve arte nem engenho para superar os obstáculos que existiam. Em segundo lugar, inundou os bracarenses com anúncios, com desejos, com propagandas, com festas e com muito foguetório, quando o necessário e o desejável era ser mais contido, mais pragmático e, fundamentalmente, mais eficaz.
Vamos às promessas: reversão do estacionamento à superfície – um falhanço em toda a linha e sem mais comentários; construção do Ecoparque das Sete Fontes – outro falhanço indesculpável; regeneração urbana – uma necessidade premente, mas sempre adiada até que a cidade se esvazie de gente, de vida e de alma; reabilitação urbana – triste realidade de uma cidade que vê muitas dos seus prédios com portas e janelas emparedadas; investimentos de vulto na área da mobilidade e nos transportes que não apareceram, chegando só o dinheiro (?) para se comprar algumas dezenas de autocarros velhos e cansados ao STCP.
Comércio tradicional – em estado anémico e desprotegido, porque Ricardo Rio continuou a virar-se para a construção e para o desenvolvimento das grandes superfícies comerciais, o que é um grande disparate económico e um processo irreversível de esvaziamento do centro da cidade. E sem justificação? Não, talvez para satisfazer interesses eleitorais ou das oligarquias locais.
Ricardo Rio era um autarca que se propunha a alterar as rotinas de um passado enquistado e construiu um presente de fogachos e de promessas não cumpridas. O futuro já deixou de ser o tão badalado “smart city” agarrado a “startups”, a BRT’s ou a outros anglicismos despropositados. Enfim, era esta a mudança que se pretendia? Da minha parte, digo claramente: nem pensar!
Autor: Armindo Oliveira