Como se sabe, nós entregamos a acção da democracia nas mãos de partidos políticos que, se por um lado vai dando “comodismo” aos votantes, por outro lado podem trazer “apetites” totalitários/malabaristas, trazer injustiças e provocar frustrações sociais. Por assim ser, assistimos no momento actual à precipitada discussão da eutanásia, incitada por minorias políticas e acompanhadas pelo respectivo atrevimento que a atitude contém, uma vez que a Constituição Portuguesa é clara: “a vida humana é inviolável”.
Logo, poder afirmar-se que os atrevimentos políticos, polémicos, indevidos e delicados duma comunidade, orquestrados por minorias, não pode aceitar-se ou constituir – perante as maiorias – democracia, quando é claro também, não poder legislar-se de imediato um assunto que a Lei Máxima do País contém: “a vida humana é inviolável”.
É público serem os partidos políticos da extrema-esquerda – minorias – a defenderem por cumprimentos ideológicos e não só, a eutanásia: matar-se-a-pedido. Sabe-se também, que estas minorias em qualquer parte que existam, bajulam-se dizendo frente aos espelhos da demagogia: “somos uma minoria organizada, contra uma maioria desorganizada”. Os ditadores, seja qual for a cor com que se besuntam, pensam assim.
Mas a culpa é do povo porque esquece que os cidadãos com possibilidade de voto numa eleição, mas que não se dão ao trabalho de o fazer, causa resultados imperfeitos, torna-se imperfeita a democracia, a existência de minorias “organizadas contra as maiorias desorganizadas” e causa o respectivo atrevimento que incomoda.
É desolador verificar-se que os partidos do arco da governação, PS, PSD e CDS, neste problema eutanásico, andem à deriva. Os socialistas não têm a certeza do que fazer; os social-democratas estão abertos para o assunto e os democratas-cristãos são de opinião que se fale e se referencie, de preferência, o matar-se-a-pedido.
Ora os socialistas, de origem marxista, onde Mário Soares engavetou Marx, mas que agora se desgavetou pelas mãos de António Costa, não sabem o que fazer, dizem, com medo da fuga de votos; os social-democratas, encarcerados pela maçonaria, obedecem-lhe, estão abertos e, os democratas-cristãos, sabendo que Deus ordenou “não matarás” e que Cristo ensinou “amai-vos uns aos outros”, aceita discutir-se, aceita o referendo, porque o seu cristianismo nada nas águas do poder e nos ordenados que auferem.
Provoca confusão ainda existir na classe médica quem advogue a eutanásia, quando tal profissão é rigorosamente para atenuar a dor e prolongar a vida do homem. Estes (alguns) médicos deveriam ser (talvez) médicos veterinários, porque cães e gatos há muitos e não passam disso mesmo. Mais: Dom Jorge Ortiga, falando há dias dos “males da sociedade”, dizia que “a Verdade tem de atingir as lágrimas ocultas e os silêncios amargos de tantas dores e problemas de ordem física, psíquica ou social que, muitas vezes, parecem insolúveis”.
Estas minorias, com seus atrevimentos, ao esquecerem que Portugal é em mais de oitenta por cento cristão, provocam-no com a eutanásia e acomodam-se nos sofás e nos palanques públicos: não desbarrancam os reais problemas da Nação, mas evacuam problemas que afectam a maneira de ser e sentir do povo, acelerando-lhes a morte, quando a pessoa doente não tem o direito de obrigar o médico a terminar com a sua vida.
Nem o Estado tem o poder de obrigar nenhum clínico a matar seja quem for, pelo menos num Estado que preze a liberdade individual e respeite a Constituição da República. Sendo assim, há que repelir e castigar (pelo voto) o atrevimento de minorias, porque a missão da sociedade e da classe médica e enfermagem, é o de proporcionar às pessoas uma vida digna até ao momento da sua morte e não o de eliminar aqueles que estorvam ou dão trabalho.
(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico).
Autor: Artur Soares