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No trono

A seleção nacional de futsal cometeu um feito extraordinário. O talento dos jogadores, a mestria da gestão de equipa e a estratégia montada pela FPF desde há uns anos, foram os principais fatores que levaram Portugal ao trono mundial na modalidade. A equipa deu tudo, cada jogador soube ocupar o seu lugar, demonstrando uma coesão extraordinária e acabaram por “escrever a ouro o nome de Portugal nas páginas da história do futsal!” Este sucesso tem mais nomes do que aqueles que estiveram nos campos da Lituânia. Claro que os atletas foram competentes, determinados e coesos, mas Jorge Braz, Pedro Palas, José Luís Mendes (equipa técnica), Jorge Silvério (Psicólogo), Fernando Gomes e, claro, Pedro Dias (Dirigentes da FPF) assumem um papel fundamental neste glorioso percurso. O caminho teve -- assente no Desporto Escolar, no Desporto Universitário e no esforço de muitos clubes nacionais -- um incremento enorme quando se promoveram eventos internacionais universitários, participações internacionais do Desporto Escolar, formação de treinadores e professores e, a implementação de um plano estratégico para a modalidade. Não vai há muito tempo que os clubes só tinham seniores. Não vai há muito tempo que os “fracassados” no futebol eram os principais atletas dos clubes nacionais no futsal. Não vai há muito tempo que a modalidade de futsal se confundia com o futebol de salão. Desde que esta Direção da FPF assumiu os destinos do futsal, do futebol de praia, claro, também do futebol, concebeu um plano estratégico que se tem aplicado integralmente com profissionalismo, rigor, competência, exigência e muita ambição. Desde 1998, quando a UMinho organizou a VI edição do Mundial Universitário, que o futsal vem construindo um percurso estruturado. Dez anos depois, na Eslovénia, Portugal sagrou-se campeão mundial universitário. Em 2012, a UMinho repetiu a realização de um mundial universitário desta modalidade. Ponto comum: a presença no campo do atual selecionador nacional. Nos últimos anos, a ligação de Jorge Braz, enquanto formador de professores no Desporto Escolar, tem difundido a modalidade pela base e aproximado a cultura do futsal à Escola. Todos estes fatores são a base de um desenvolvimento estruturado, pois estão estrategicamente reforçados os pilares de qualquer modalidade. A competitividade da liga principal do futsal, os excelentes percursos competitivos internacionais dos nossos clubes de maior referência e a formação especializada na modalidade (quer na escola quer nos clubes) tem aumentado a qualidade da prática e das competições. A figura maior da modalidade é Ricardinho. Uma figura simpática, que espalha magia com a bola e uma atitude grandiosa em campo. Após uma lesão, uma cirurgia e uma dolorosa recuperação, Ricardinho lutou para fazer o seu último mundial, ser o “melhor” e cumprir um sonho: “ser campeão do mundo”. A coesão da equipa ficou bem patente quando Ricardinho ia receber a taça, e em vez de assumir o protagonismo, partilhou o momento com os “4 magníficos capitães”. A simplicidade da personalidade, a entrega, o conhecimento do jogo e a magia dos seus movimentos, faz do Ricardinho o “melhor de sempre”. O trono está muito bem entregue.
Autor: Carlos Dias
DM

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8 outubro 2021