twitter

No próximo sábado vamos ser todos Ucrânia!

Algumas instituições, de que destaco a Junta de Freguesia de Maximinos, a Associação Nacional Luso-Ucraniana, o Centro Social e Cultural Luso-Ucraniano e a Associação Social Acreditar e Sonhar (ASAS), vão levar a efeito uma caminhada solidária para com a Ucrânia, país soberano e independente que está a ser vítima de uma agressão criminosa, bárbara e injustificável por parte da Rússia. A iniciativa tem partida e chegada ao Rossio da Sé e contará com a participação do senhor arcebispo de Braga D. José Cordeiro, que presidirá a uma oração em favor daquele povo martirizado. A caminhada implica uma inscrição prévia na Junta de Freguesia de Maximinos, ou na sede da ASAS (rua da Cruz de Pedra, nº 189), contra o pagamento da importância de 4 EUR, que se destina à compra de equipamentos térmicos para as famílias privadas de energia elétrica e para os militares ucranianos que combatem com temperaturas muito abaixo de zero graus. A mobilização da comunidade internacional, na qual se integra a bracarense, justifica-se mais do que nunca, porque há sinais de que a Rússia se prepara para relançar uma grande ofensiva contra a Ucrânia, não só visando a sua defesa militar, mas também o seu povo, através do ataque brutal e desapiedado contra alvos civis, nomeadamente blocos residenciais, creches, maternidades, escolas, fontes de energia, etc. Dizem alguns especialistas que os russos estão a usar na flagelação mísseis mais mortíferos e de maior poder destruidor. Do ponto de vista do direito internacional, a invasão militar de qualquer país soberano e independente é um crime à luz da Carta da Organização das Nações Unidas, que a Rússia também se obrigou a respeitar; tal como também é crime o genocídio perpetrado por um povo contra outro ou a destruição do seu património público ou privado, que é o que a Rússia está a fazer, insofismavelmente, na Ucrânia. E isto já para não se falar dos milhões de deslocados que perderam o direito constitucional à habitação, à liberdade, à vida, à honra, ao bom nome, a tudo! Desta forma, a Rússia vai acumulando crime sobre crime, e quanto mais tenta escondê-los, mais eles se tornam notórios, clamorosos e condenáveis. Já todos conhecemos a delirante justificação de Putin para o desencadeamento da chamada «operação militar especial», quando continua a sustentar que quer desnazificar a Ucrânia e libertar da opressão os falantes da língua russa. Que pretexto espúrio! Nazismo há na Rússia, opressão há na Rússia, e em doses incomensuravelmente muito maiores do que na Ucrânia! Portanto, Putin, se tivesse algum resquício de coerência, por pequeno que fosse, deveria começar por desnazificar o seu próprio país, que está cheio de grupos nazis, ultranacionalistas e fascizantes! Só que não o faz por duas ordens de razões: primeiro, porque precisa de tais grupos para recrutar mercenários, como o que é chefiado por Yevgeny Prigozhin, e porque ainda lhe vão servindo de base social de apoio para a sua liderança autocrática; segundo, porque já não tem poder para controlar tais grupos, como é o caso do grupo Wagner, que opera em zonas aonde o comando militar russo não chega. Esta perversa guerra russa coloca um dilema histórico à comunidade internacional, que se vê compelida a optar por uma de duas vias: a via do progresso, da liberdade, da democracia e do respeito pelos direitos humanos; ou a via do totalitarismo, do expansionismo imperialista, do belicismo e da opressão político-ideológica. Na verdade, esta crise não deixa margens para neutralidades ou abstencionismos, porque está em causa o supremo valor da paz, que é o único compromisso mundial que pode garantir o futuro das novas gerações. Queremos presidentes, como Zelensky que, durante a campanha eleitoral de 2018 que lhe permitiu ser eleito líder da Ucrânia, disse que «comigo, cada ucraniano será um presidente!», ou queremos um presidente, como Putin que, ao ver as primeiras manifestações de cidadãos russos contra a guerra, disse perante as câmaras de televisão que «esses que protestam na rua são moscas que eu cuspo pela boca!»? Quereremos nós, portugueses, ter um presidente que um dia também nos compare a moscas passíveis de serem cuspidas pela boca, ou um presidente que diga que fará de cada um de nós um presidente?
Autor: Fernando Pinheiro
DM

DM

9 fevereiro 2023