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“Ninguém julga ninguém”

Aousada proposta do Cardeal Patriarca de Lisboa ao aconselhar, na Igreja Católica, aos divorciados que vivam um novo casamento, que levem uma vida em continência, isto é, sem prática de relações sexuais, levantou e continua a levantar uma estrondosa celeuma, dentro e fora da Igreja Católica. Atendendo a que a nossa ôntica e natural natureza é, implicitamente, una e, como tal, abespinha-se contra todas as separações, desmembramentos e roturas, não me custa a aceitar, por tal facto, a estrondosa celeuma, que não vê com bons olhos, dentro da unidade indissolúvel do casamento católico, a separação do fisiológico com a ternura e o gozo do afeto (a representação agradável ou desagradável). Afirma o Papa Francisco: “Ninguém julga ninguém e todos estimulamos todos para nos adequarmos sempre mais e melhor à absoluta fidelidade a Deus”. Relativamente a esta nobre afirmação, eu a ajustaria a esta não menos nobre: Estamos, continuamente, submetidos ao julgamento do nosso natural e ôntico ser nas suas dimensões de transcendentalidade, de unicidade e de relacionamentos. O nosso natural e ôntico ser é autónomo, bom e responsável no sentido de que supera todas as nossas estruturas conscientes e inconscientes da vida existencial. Pela sua transcendentalidade, abre-se, absolutamente, ao Transcendente (Deus). Pela sua unicidade, exige da pluralidade a sua união. Da sua união, a sua unidade. Da sua unidade, a sua fundamental unicidade no ôntico ser humano. Pelas suas inerentes relações, exige o seu relacionamento com o bem universal, concretamente, com o amor, a paz, a justiça, a compreensão, a abertura, a aceitação, o perdão, a fraternidade (…) a sintonia e congruência com a nossa profunda identidade.
Autor: Benjamim Araújo
DM

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14 março 2018