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“Negócio da China”…

O consumidor português ainda padece da cultura da exigência da qualidade certificada. Banhado de neurónios do estatuto da diferença e da grandeza social, gosta de evidenciar, pelo barato, uma imagem de marca com vestuário e calçado contrafeito com o símbolo de diversas marcas de renome nacional ou internacional.

Isto está patente nas feiras semanais por todo o país, a reboque de uma fiscalização sonolenta por parte das entidades com responsabilidades acrescidas de intervenção e dissuasão dos seus infratores, no combate ao crime da prática de usurpação relacionado com o código de direito de autor e dos direitos conexos.

Surgiu um novo negócio de venda sobre as origens duvidosas da mercadoria, praticado nas “barbas” da Polícia Municipal de Braga, no perímetro do Mercado Municipal que se realiza aos sábados, no período da manhã.

Mesmo defronte da fachada do edifício em apreço vende-se roupa, calçado e outras bugigangas, adquiridas por indivíduos, alegadamente junto de instituições de solidariedade social, que sem escrúpulos e em nome das suas necessidades extremas, aproveitam a boa vontade e o esforço humanitário dos outros.

Este método despreocupado da venda batoteira de material, exclusivamente para obter dinheiro fácil junto dos consumidores ingénuos ou indiferentes, é um descaramento e uma afronta dos alegados falsos pobres e comparsas do negócio ilícito a poucos metros da inoperacionalidade do policiamento ou até mesmo da autoridade administrativa do mercado municipal, retida à boa paz de um pequeno cubículo à entrada do dito edifício, ficando-nos a subjetividade do conhecimento alocado à sua competência funcional no exterior do átrio deste espaço de comercialização ambulante.

Seja como for, inquestionavelmente, não se admite que seja permitida a venda de mercadoria com origem duvidosa que, noutras alturas, já foi presenciada ocasionalmente aos domingos, na praça José Veiga e nas proximidades da rua do Souto. Isto é uma fraude comercial e até tributária.

Todos, sem exceção, devemos gerar condições transparentes e aceitáveis para conseguirmos erradicar o desespero económico que nos acompanha no quotidiano. Contudo, literalmente reprovável e irredutível pela lógica de uma sociedade limpa, honrada e digna, pedir caridade no usufruto de bens para transformá-los em negócio de proveito próprio, é um crime que urge combater, a começar já pelos espaços institucionais da responsabilidade da autarquia, disseminando a vigilância por outras zonas da urbe bracarense.

É preciso acabar com esta pouca vergonha. Há indivíduos que não merecem qualquer tipo de ajuda solidária e que se julgam “chico-espertos” ao quererem vender gato por lebre. 

 

Autor: Albino Gonçalves
DM

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13 março 2017