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Natal: uma necessidade premente destes tempos

Natal. Natal significa e simboliza nascimento. Renovação. Compromisso. Autenticidade. Vida simples. Natal é nascer. Também renascer. Sim, renascer nestes tempos agrestes, em que as vaidades, o efémero e as rupturas marcam a cadência do quotidiano.

Natal, nascer de um novo ser que brota das entranhas úberes de uma mãe para conhecer as belezas e as magnificências do milagre da Criação. O segredo e o mistério da Natureza na sua grandeza ímpar. Natal, nova vida. Novo ânimo. Um tesouro. Um sonho. Um sonho divino.

1 - Natal é um convite sentido à paz e à partilha, de afectos e de cumplicidades, que exige de cada um uma tomada de consciência mais exteriorizada. Mais concreta. E também mais espiritual. É um convite reflectido para se olhar os outros com uma outra sensibilidade. É um momento de sentimentos, espiritualizado pela mensagem ecoada da Cabaninha de Belém. Uma mensagem de esperança e de silêncio. De congregação. De família. No aconchego do lar. É também um momento de abrir o coração e de se dizer em voz alta que é preciso haver, neste país, Natal. Um Natal bem sentido, aberto, vivo. Um Natal com amor e tranquilidade. Com futuro. Vivido com a simplicidade e a humildade do presépio encimado com o Anjo do Senhor a anunciar por toda a Terra: Glória a Deus nos Céus e paz para os homens de boa-vontade.

2 - É preciso haver menos luzes nas montras da vida, de aparato, de faz-de-conta e enchermos os corações com mais calor. Com outros sorrisos nos rostos ressequidos pelas agruras de uma vida atada por coisas insignificantes. É preciso haver muitos natais (nascimentos) nestes tempos de rupturas sociais e de incompreensões pelo valor da vida. Pelo milagre de nascer. Nascer é um direito natural que por perrices ideológicas absurdas o querem interromper de qualquer maneira. Querem denegrir esta condição sublime e divinal de ser mãe. É preciso que deixemos brotar a semente da vida com naturalidade, alegria e segurança. É preciso renovar vontades, seguir em frente guiados pela estrela de Belém que nos conduz à Terra Prometida. Terra da Paz e da frugalidade. Do encanto e da magnificência.

3 - É preciso, no quotidiano, ver muitas e novas vidas a pulular nesta sociedade pobre, caída, moribunda. Sociedade exangue de sangue novo. É preciso inverter o desânimo e o desarranjo demográfico e sentir, de novo, a alma irreverente da miudagem nas praças e nas ruas. Nos largos daquelas aldeias perdidas na solidão. Aldeias vazias e de alma dorida que se vêem, de braços caídos, a definhar. É preciso voltar a sentir os ruídos saudáveis das Escolas que ecoam, agora, pelos cantos tristes das urbes. Tudo num ritual pasmado, monocórdico e absorvido pelas cartilhas dos pensadores anti-vida e pela pressa de um viver destoado.

País velho, de gente velha que não respeita os velhos. País que quer correr, frenético e desvairado, para acompanhar os movimentos da modernidade, mas que cai aos primeiros obstáculos. País cansado. E fracturado. País apagado que caminha aos trambolhões ao sabor do desnorte. Ao sabor das modas trazidas não se sabe de onde, mas que corroem a medula espinal da sociedade, tornando-a empedernida, áspera, marginal. Amorfa e medrosa.

4 - Natal, acontecimento mágico que irradiou os pastores, deslumbrou os Reis-Magos e maravilhou e maravilha o mundo com uma mensagem simples e poderosa: família, paz, amor. Por isso, é preciso proclamar: Natal sempre.

A todos os leitores do Diário do Minho desejo um Natal feliz, com saúde, tranquilo e com bem-estar. Desejo que passem também um Natal vivido intensamente em família.


Autor: Armindo Oliveira
DM

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24 dezembro 2022