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Natal, sempre!

Que todos os bons sentimentos que o Natal traz preencham o coração de cada um, trazendo alegria e paz nestas quadras festivas, Natalícia e de Ano Novo, e que você possa partilhar tudo isso com pessoas especiais que fazem parte da sua vida. Feliz Natal!”.

Ponto um - Natal é e será sempre Natal. Natal, madrugada divina, despontada na magia de Belém, transcende-se no acto magnífico do nascimento e da renovação permanentes. Natal, fonte de propósitos e de esperança. De juntar ânimos e de aconchego. De reflexão e de silêncios. Natal, um tempo verdadeiramente diferente para quebrar a azáfama de uma vida que parece correr sem parar. Esbaforida. Em marcha louca e desenfreada. Em busca do nada que se desfaz, no instante, em meras ilusões. No final, só ilusões! Nada mais! O que parece importar é viver tudo a correr, às golfadas, para aproveitar cada segundo desta temporalidade demasiadamente efémera. Quando se abre os olhos, aquele tempo breve, que pensamos agarrar, já é do passado. Só pertence ao quadro das memórias e das ilusões. Sempre ilusões. E estas se vão num de repente.

Os desejos e os votos, entretanto, voltam a ser proferidos já um pouco cansados e exauridos. Ao menos isso. Desejos e votos se entrelaçam nesta quadra ímpar. Tudo, no entanto, rotineiro. Demasiadamente rotineiro. Só para cumprir a tradição, quando Natal é muito mais do que isso.

Ponto dois - Natal, sempre um tempo vivido com outras emoções e com outro sentido. Um sentido também mais introspectivo, mais voltado para as nossas limitações e para as nossas fraquezas. Um convite forçado e intencional para pararmos um pouco nesta vida louca e podermos vislumbrar o que se passa ao nosso lado, porque ao nosso lado também há ansiedades, projectos, sonhos.

Natal, tempo de renovação interior, em que a nossa pequenez vem ao de cima, perante a arrogância de querermos intempestivamente sublimar o supérfluo. O vazio.

Ponto três - É preciso olhar, contudo, para o palpitar social no seu constante desafio. Saber olhar. Olhar de outra forma o mundo por inteiro. O nosso mundo. O mundo pequenino que nos acompanha no dia-a-dia. Nas alegrias e nas tristezas. Nas responsabilidades e nas preocupações. Nas vontades e nos momentos mais caídos. Nas angústias e nas coisas maravilhosas que ainda existem que nos fazem sonhar. Nos sucessos e nas derrotas. São as quedas, os momentos menos bons, que nos desafiam também e nos convidam para avançar para outros patamares. Para nos aperfeiçoamos até.

É preciso olhar para o Céu Divino e, nesse olhar, ver-nos-emos, por certo, insignificantes, perante a imensidão e os segredos do Universo. É preciso deixarmo-nos maravilhar pelo Etéreo e arrebatarmo-nos com a Estrelinha do Oriente, sentindo até ao âmago a mensagem dimanada pela Cabaninha de Belém. É preciso, fundamentalmente, olharmos para a Terra, pois é aí, na realidade, se vê ainda muita aflição e muita incompreensão que nos toca a sensibilidade e o espírito do Menino de Nazaré. Basta olhar para a realidade do Continente Africano, por exemplo, e tomar consciência das fragilidades dessas gentes que vivem subjugados à miséria, à corrupção e às perseguições. À falta de esperança e de futuro. À ostracização do acesso aos cuidados de saúde, como ao recurso das vacinas Covid que dilaceram e angustiam, nos tempos de hoje, todo um continente, já por si, muito debilitado por razões históricas, económicas e de liderança.

Ponto quatro - Natal, tempo excelente para se repensar a família. Hoje, tão vulnerável às arbitrariedades ideológicas que lhe querem retirar a alma e o ímpeto de renovação. De abrigo.

Desejo a todos os leitores do D.M. um Bom Natal e que vivam esta quadra com alegria e em paz.


Autor: Armindo Oliveira
DM

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19 dezembro 2021