O mercado de inverno terminou, na maioria dos países, pelo que agora já pode existir alguma estabilidade desportiva nas equipas e equilíbrio emocional nos jogadores. Sabemos como alguns atletas ficam com a cabeça em água, fruto de rumores de mercado que criam expectativas elevadas e de promessas de melhoria das condições de vida que fazem vacilar qualquer pessoa.
Em Braga, houve tempo para registar as saídas de Fabiano, Bruno Rodrigues e Hernâni Infande, todos por empréstimo, e do inadaptado Diego Lainez, além de Vitinha, cuja mudança para Marselha significou o maior valor de sempre envolvido numa transferência do clube. Em sentido oposto, aconteceram as entradas de Joe Mendes, internacional sueco, e dos internacionais portugueses Pizzi e Bruma.
Em termos teóricos o plantel às ordens de Artur Jorge ganhou mais experiência e novas valências, que podem ser úteis em diversos jogos. Contudo, ao nível dos pontas de lança, ou avançados de área, o grupo passou de três para dois, com o abandono definitivo do novo jogador do Marselha, que Cavez deu ao mundo do futebol, em primeira instância através do Águias de Alvite. Isso que pode permitir, em devido tempo, o surgimento de outro jovem proveniente da academia bracarense, com Macedo a perfilar-se como candidato maior, em função do seu elevado rendimento na atual temporada, aos serviço dos sub 23. Esta é uma dúvida que o futuro se encarregará de dissipar.
A liga portuguesa trouxe à Pedreira o Famalicão de João Pedro Sousa, que teima em fazer bons trabalhos. O facto de ser um dérbi do Minho aumenta sempre a imprevisibilidade deste tipo de jogos, apesar de o favoritismo neste caso pender para os Gverreiros do Minho.
O treinador arsenalista, Artur Jorge, vindo de nova goleada em Alvalade, voltou a emendar o que não correra bem no recinto do leão e abdicou de um terceiro central para a entrada de um médio, em mais um jogo onde a ausência de Ricardo Horta foi lamentada, devido à sua elevada importância na equipa. O jogo até começou bem para a equipa da casa, que foi castigando o Famalicão através do futebol atacante e de pressão apresentado, o que retirava tempo aos famalicenses para respirarem. Assim, a vantagem mínima ao intervalo era demasiado curta para o que se passara no relvado.
No segundo período o jogo decorria com normalidade e a vantagem brácara mantinha-se, até que o técnico visitante teve um momento feliz ao efetuar três substituições em simultâneo, colhendo dividendos disso dois minutos depois, quando Sanca marcou à equipa que o ajudara a formar, na primeira vez que tocou na bola. Os bracarenses, de bancadas cheias, num raro jogo à tarde, não se conformaram com o sucedido e foram em busca de uma vitória que era importante na mente de todos os braguistas. A vantagem chegou num poema coletivamente escrito por vários elementos e as bancadas vibravam de novo com este golo em que tudo pareceu perfeito na sua execução. Os descontos permitiram, ainda, que Bruma, em estreia como Gverreiro, marcasse por duas vezes e desse um colorido mais simpático ao resultado. Os três golos finais fizeram a equipa nascer outra vez para a liga, mostrando algumas das razões da contratação de Pizzi, que pode ser determinante em muitas partidas, e a forma como Bruma pode dar coisas diferentes à equipa, para que esta ambicione uma segunda volta de bom nível, pelo que não admirou que ambos fossem empurrados para a frente na saudação final aos adeptos.
Autor: António Costa
Nascer outra vez
DM
9 fevereiro 2023