1. Transcrevo da Agência Ecclesia em notícia de 30 de novembro:
«O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, questionou o “cancelamento” da dimensão cristã do Natal, comentando um documento interno da Comissão Europeia que foi, entretanto, retirado de circulação.
“Quem vai contra a realidade, coloca-se em sério perigo. E depois há o cancelamento daquilo que são as raízes, sobretudo no que diz respeito às festas cristãs, a dimensão cristã também da nossa Europa”, referiu o colaborador do Papa, em declarações ao portal ‘Vatican News’.
A entrevista aconteceu após a divulgação de um manual para uma comunicação mais “inclusiva”, da Comissão Europeia, no qual se propunha, entre outras expressões, a utilização de “período de festividades” em vez “período de Natal”.
O secretário de Estado do Vaticano considerou “correta” a preocupação de eliminar todas as discriminações, mas questionou as opções do documento da instituição comunitária, que apresenta ainda preocupações em relação ao tratamento baseado no género.
“A tendência infelizmente é de padronizar tudo, não sabendo respeitar nem mesmo as corretas diferenças, que naturalmente não devem se tornar contraposição ou fonte de discriminação, mas devem integrar-se, justamente para construir uma humanidade plena e integral”, assinalou D. Pietro Parolin.
O cardealapontouà próxima viagem do Papa ao Chipre e Grécia, que vai começar esta quinta-feira, para sublinhar a intenção de “reencontrar os elementos constituintes” da Europa.
A Comissão Europeia reagiu, em declarações à agência ANSA, após a polémica provocado pelo comunicado interno: “Não proibimos nem desencorajamos o uso da palavra Natal”.
As novas diretrizes pretendiam fornecer conselhos práticos aos membros da comissão que falam sobre as políticas da UE em público.
Helena Dalli, Comissária Europeia para a igualdade, disse que as orientações, emitidas há cerca de quatro semanas, “precisam de mais trabalho”.
Em seis deste mês de dezembro, em conferência de imprensa, após a viagem a Chipre e à Grécia, o Papa Francisco afirmou ter nascido esta proposta da “moda de um secularismo diluído, de água destilada”. Convidou a União Europeia a recuperar os “ideais dos pais fundadores, que eram ideais de unidade, de grandeza”, e a ter cuidado para “não abrir caminho a colonizações ideológicas”.
2. Não consintamos que nos tirem o Natal. Vamos de deixar de dizer Deus queira por haver quem prefira a expressão oxalá (Allah nos ouça)?
Numa sociedade pluralista há o direito à diferença, que deve ser exercido e respeitado por todos. Isto de, para não ofendermos susceptibilidades, deixarmos de agir de harmonia com as próprias convicções chama-se simplesmente cobardia (nalguns casos, oportunismo ou jogo de interesses). Vamos, como aconteceu no mundo do futebol, por uma questão de dinheiro deixar de usar símbolos cristãos? Se alguém se sente ofendido por celebrarmos ordeiramente o Natal e de, respeitando os que pensam de maneira diferente, falarmos em Natal e na sua mensagem a culpa não é nossa. É caso para dizer como Eduardo III de Inglaterra: honni soit qui mal y pense (que traduzo numa versão muito livre: não há motivo para ver mal nisso).
3. Sem desrespeitar a liberdade dos outros não deixemos de, pública e privadamente, falar do Natal e celebrar o Natal. E não deixemos nós, portugueses, de usar os nomes cristãos para designar os dias da semana.
Já agora, não nos deixemos levar pela onda consumista do pai natal.
Para nós, o Natal é a festa do nascimento de Jesus. É mensagem de amor, de fraternidade, de solidariedade, de paz, de reconciliação. De atenção aos que mais necessitam. Trata-se de valores universais.
Não se identifique a igualdade com o igualitarismo levado ao extremo.
Não me digam que, para sermos iguais, vamos eliminar o idioma próprio de cada nação para usarmos uma linguagem universal como se pretendeu com o esperanto. Ou que num jogo de futebol todos os intervenientes são obrigados a usar o mesmo equipamento.
Autor: Silva Araújo