Esta época, assistir a um qualquer jogo do Braga tornou-se um perfeito ato de masoquismo onde durante noventa minutos nos autoflagelamos com mau futebol, sofrendo com a falta de ideias e de clarividência de quem comanda a equipa. A verdade é que não há termas que nos valham.
Não fui feliz, assumiu o treinador no final do jogo. Não nos faz felizes, assumem os adeptos. E é a constatação desta infelicidade de um casamento que não está a resultar que nos deve realmente preocupar.
Quo vadis, Braga? Empatamos mas o que conta é a atitude, perdemos porque houve um conjunto de condicionantes, não ganhamos mas já foi bom porque não sofremos golos, são algumas das pérolas com que Jorge Simão nos mimoseia, descartando sempre qualquer responsabilidade da sua parte, o que nos leva frequentemente a mandá-lo mentalmente (e apenas mentalmente que aqui a malta não é da família do Pinheiro de Azevedo) para aquele sítio que o presidente de um clube mandou recentemente todos aqueles que são de outro clube que não o seu.
Como se gere um clube com uma massa associativa descontente? O que se diz aos adeptos que, semana após semana, têm acompanhado a equipa nas deslocações, num apoio inexcedível? O presidente Salvador entrou no seu primeiro mandato a criticar a massa associativa, mandando-nos olhar para o lado, para os nossos vizinhos vimaranenses e, tantos anos depois, continua a dizer que os adeptos são apenas adeptos de vitórias a quem falta “cultura de proximidade que seja superior ao momento desportivo”. Também a ele me apetece, mentalmente, mandá-lo abaixo de Braga.
Já fomos felizes com Salvador? Sim, já fomos muito felizes com Salvador mas, como em muitos casamentos, a fase do enamoramento, da lua de mel, não deu lugar a um amor confortável que se consiga renovar perante as agruras da vida.
Estamos agora naquela fase feia em que se discute a toda a hora de quem é a culpa, a fase em que se trocam acusações, a fase em que já não há amor e em que só o fel vem ao de cima. O divórcio parece inevitável. Resta saber a quem atribuir a custódia do fruto deste casamento porque no meio disto tudo, como em qualquer casamento, sofre sempre quem menos tem culpa, e neste caso, quem não tem culpa é a instituição Sporting Clube de Braga.
E é nesta fase crucial que os adeptos vão ser chamados a decidir. Vão ser destemidos e apostar em deixar o seu clube nas mãos de quem o ama desmesuradamente desde sempre, um amor de menino que atravessou os tempos, ou preferem não arriscar e continuar no confortável paradigma costumeiro a que se habituaram, pressupondo que sabem com o que contam e supondo que o amor não gere clubes e que nestas coisas interessa saber é de que lado está o dinheiro? Com que António querem o clube?
Como sempre, os adeptos é que decidem. Eu sou uma incurável romântica. Comigo vence sempre o amor.
Autor: Ana Pereira