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Não há mesmo mais nenhum candidato, no PSD?

  1. Apenas Rio contra Rangel, uma pobreza…). Escrevo eu este modesto comentário, em 21-10-2021. Festejam os “media” de esquerda que Paulo Rangel tenha finalmente avançado para a corrida à liderança do PSD. E poucos desses “media” se escandalizam que Rui Rio continue agarrado ao poder e declare que volta a candidatar-se à liderança. Não bastaram a Rio os 4 anos de mortiça oposição aos governos do PS (reflectida em repetidas derrotas eleitorais). Precedidos por 4 anos de constante oposição interna declarada, nos tempos obrigatoriamente austeros do governo PSD-CDS (Passos Coelho-Portas); o qual nada de melhor poderia fazer, perante os ditames dos nossos inflexíveis credores do FMI e BCE.

  2. Caracóis ou “joaquinzinhos”). A actual cena interna do PSD lembra alguém cheio de fome que vai a um restaurante de 1.ª categoria, preparado para deglutir as mais refinadas iguarias. Mas dão-lhe a lista e ele constata que, naquele dia só pode escolher entre uns viscosos caracóis; e uns modestos e popularuchos carapaus fritos (“joaquinzinhos”).

  3. Quem sai a ganhar, será o “Chega” e o CDS). Na metade do eleitorado que normalmente vota à Direita, a continuação de um PSD incaracterístico (e com Rio não foi decerto a 1.ª vez que tal aconteceu…) vai é por certo reforçar as principais alternativas partidárias. Sobretudo e provavelmente, o “Chega”, de André Ventura. E um CDS que, na data em que escrevo, não se sabe ainda se vai continuar liderado por F. Rodrigues dos Santos (que, apesar de jovem, não é parvo nenhum…); ou por Nuno Melo, sempre deixado injustamente para trás, apesar das suas grandes potencialidades. Por outro lado, com Rio ou Rangel na liderança, isso sim, o PSD não irá perder grandes votos para a Iniciativa Liberal ou para o PS.

  4. Marcar a data destas eleições para o dia do aniversário de Camarate…). É um pormenor que dá a entender que, apesar dos muitos bustos de Sá Carneiro e das bonitas palavras de todos, poucos são aqueles que realmente prezam a memória do político de Manhente. Que logo sabem associar a funesta data do atentado (4 de Dezembro) com a esfumada memória do “fundador”. Para mais, como é o caso, a escolha é apenas entre “dois candidatos únicos” bem medíocres.

  5. A “versão-2021” de Paulo Rangel). O Paulo Rangel que conhecíamos (ou pensámos conhecer durante bastantes anos) seria eventualmente, à falta de melhor, uma alternativa possível a Rui Rio, para chefe do partido e candidato a 1.º ministro. Entre vários outros, é claro. O antigo deputado deu lugar a um regiamente pago euro-deputado, hoje quase um federalista, um internacionalista, menos inclinado que antes, a defender lá fora os interesses lusos. E como se tal não bastasse, pôs toda a gente de olhos arregalados e incrédula, quando (como se diz agora) “saiu do armário” e revelou descontraidamente que, salvo erro desde os 32 anos de idade, havia invertido as suas inclinações sentimentais e sensuais. O que o tornaria provavelmente mais conforme para uma liderança do PAN ou do BE, ou coisa do género. Tornou-se um elemento, a prazo, altamente divisivo do PSD.

  6. Um episódio antigo, com Alberto João Jardim). Pelos vistos revelador da faceta calculista e secretiva do carácter do outrossim (sobretudo à época) nada antipático dr. Rangel. É o seguinte. Estávamos por 2010, na Madeira, penso eu. Passos Coelho candidatava-se contra Rangel, a líder do PSD. Passos Coelho (que infelizmente não tinha então boas relações com Jardim) profere um discurso com frases pouco respeitosas do caudilho funchalense. Este, em pleno discurso, muda de lugar na assistência e vai sentar-se ao lado de Rangel. Rangel, calculista e friamente, chega-se para o lado e dá ideia de nada valorizar o gesto de apoio de tão importante personagem.

  7. Por que não avança Montenegro?). Ou outros, p. ex., Hugo Soares, Abreu Amorim, Marco António Costa? O tempo urge, pois pode haver eleições antecipadas. Depende da aprovação do Orçamento para 2022 e depende do capricho do presidente Marcelo. Que pode ter um “repente”, em 2022 (como o que injustamente Sampaio teve em 2004, deitando abaixo o novel e legítimo governo maioritário Santana-Portas). E repetir agora o gesto de Sampaio. Um PSD com Rio ou Rangel à frente, mesmo que por acaso vencesse eleições antecipadas, venceria por muito pouco. A Esquerda continuaria provavelmente maioritária na Assembleia, mesmo que “Chega” e CDS cresçam bastante. Para mais, um dos candidatos (Rangel), disse que nunca se aliaria ao partido de André Ventura. Decerto, uma opção errada para a qual o impele a sua vida privada…

  8. O manobrismo e o eterno problema das “espingardas”). Realmente, o facto de os nomes mais populares do PSD não avançarem (ainda), deve-se talvez a problemas de “contagem (matemática) de espingardas”, de filiados que têm direito a voto. Por incúria, talvez não os haja que chegue, favoráveis. A política subterrânea, secreta, que comanda os partidos em Democracia, essa já terá eventualmente feito o seu trabalho. Temendo isto, muitos simpatizantes já começam a “desertar” para o CDS e “Chega”. É por isso que já andam aí umas “investidas judiciais”, completamente anti-democráticas, contra o partido de André Ventura.


Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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3 novembro 2021