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Não há Educação sem Educação Física

Mas que toda a fase estruturante do crescimento (nos primeiros anos do ciclo de vida e da adolescência) é fundamental para criar hábitos, fundamentar os valores, organizar o pensamento e definir muito do que se pode ser, quando se chega à idade adulta. É um facto. Todos sabemos que existe uma certa atração dos jovens pelos comportamentos de risco, que passa pela experimentação, pelas novas sensações e isso também faz parte do crescimento. E a quem cabe a responsabilidade de criar as condições para encaminhar as crianças e jovens para um desenvolvimento harmonioso, saudável, equilibrado? A resposta é óbvia: em primeira instância, aos Pais, depois aos Professores, à Escola, aos diversos sistemas sociais (Ministério da Educação, IPDJ, Ministério da Saúde, Segurança Social, etc) e por último a todos. Na nossa realidade, em face dos inúmeros agentes que estão envolvidos e à boa maneira portuguesa, este problema prolongar-se-á, porque a “culpa” e a “responsabilidade” morrerão solteiras. Entretanto, existe um problema de saúde, muito sério, para resolver: a inatividade física. A maioria dos problemas associados à saúde podem ser prevenidos com um estilo de vida saudável e, como em qualquer hábito, tudo começa em casa e na escola. Um dos maiores flagelos da nossa sociedade, são as doenças associadas à inatividade física. A comida em excesso e exercício físico a menos, associados a outros fatores, nomeadamente, genéticos e culturais, fazem de nós um povo com elevado risco. É necessário reforçar o investimento e reverter a situação. No meu entendimento, só existe um caminho: o reforço da prática de atividade física, pela sua valorização, no seio das comunidades escolares. Durante esta semana foi celebrada a Semana Europeia da Educação Física (EF) para todos, com o slogan que dá nome a este artigo. Esta semana relembra-nos que há, ainda, muito a fazer. Sem uma EF forte, sistemática, estruturante, conhecedora, humana, não podemos aspirar a Educar bem. É fundamental melhorar muito os processos, particularmente no 1.º ciclo. A integração da EF nas matérias curriculares em TODOS os ciclos de ensino é muito importante para o correto e integral desenvolvimento do aluno. Esta ideia chavão é, generalizadamente, aceite, no entanto, nem sempre o caminho tem ido nessa direção, pois, não se investe em espaços e estratégias consolidadas, diminuem-se às horas de lecionação da disciplina e retiraram-na do quadro de disciplinas que contam para acesso ao Ensino Superior, passam, portanto, uma mensagem de desvalorização da disciplina. É fundamental e urgente, em função desta realidade social, fazer reformulações urgentes para que a Escola seja mais eficaz para a formação integral dos seus alunos. A Educação tem que ser mais ativa, moderna, atrativa e exigente, e aqui existe um papel crucial para a disciplina, como temos falado. O sistema educativo deverá reforçar a importância educativa da disciplina de EF e assumir que não deverá existir, por mais voltas que se queiram dar, instrumento educativo mais eclético, abrangente e provavelmente mais importante para a formação dos alunos do que os defendidos pelo Desporto Escolar e pela EF. Aquilo que muitas vezes é necessário aprender não vem nos livros.
Autor: Carlos Dias
DM

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29 setembro 2017