1.O país começa, finalmente, a descobrir os prejuízos trazidos pelo esquecimento do interior.
Será que nós, cristãos, já estaremos disponíveis para reparar os malefícios provocados por um prolongado desinvestimento no nosso interior?
2. A recente criação de um «Movimento pelo Interior» constitui, desde logo, uma poderosa chamada de atenção.
Ele faz avultar a percepção de que, com o abandono do interior, não é só o interior que é afectado; é todo o país que se sente atingido.
3. Daí que o «Movimento pelo Interior» tenha sido lançado a pensar não apenas no interior, mas na totalidade do país.
Ele nasceu não para defender uma parcela territorial, mas – como, aliás, é dito na apresentação – para promover a «coesão» nacional.
4. O país vai-se apercebendo de que não cresce quando a densidade do interior (sobretudo em população) é incomparavelmente menor que a do litoral. Os atuais residentes parecem ser os últimos resistentes».
Quando é que nós, cristãos, compreenderemos que a nossa densidade interior continua a ser assustadoramente baixa?
5. Não terá chegado a hora de nós, cristãos, apostarmos também num «Movimento pelo Interior»?
Já teremos advertido que, sem interior, estamos incompletos e, nessa medida, debilitados?
6. Será que já tomamos consciência de que a missão tem início no Filho que está no interior do Pai (cf. Jo 1, 18)?
A missão só é inteira quando nos eleva ao interior do Pai e nos leva ao interior dos irmãos.
7. Acontece que a missão que realizamos estaciona, quase sempre, no exterior.
Não entramos em nós, não entramos nos outros e acabamos por não contribuir para que os outros entrem em nós. Como havemos de ajudar a entrar em Deus?
8. A acção exterior só faz sentido a partir de uma vivência interior.
Não será que muito do que fazemos é expressão do que não vivemos nem ajudamos a viver?
9. Os nossos ajuntamentos conduzirão sempre ao encontro? A missão nunca é total quando não cuidamos da regeneração espiritual.
Não correremos o risco de subtrair às pessoas o que as pessoas mais procuram, isto é, «o caminho da interioridade» (Christoph Theobald)?
10. Como alertam Agnès de Matteo e Xavier Amherdt, não permitamos que a pastoral deixe escapar a espiritualidade.
E tenhamos sempre presente que o mais importante não é o que levamos; é Aquele que ajudamos a encontrar!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira