twitter

Não destruam por favor!

No séc. XVIII, com a Revolução Industrial, o aparecimento das máquinas conduziu à substituição de mão-de-obra por essas mesmas máquinas, surgindo o conceito “excedente de mão-de-obra"derivando em uma desvalorização do trabalhador.

A avidez do lucro por parte do capitalista, resultou numa vida miserável para a maioria dos trabalhadores. É nesta altura que aparece o conceito de “proletário” e o de “capitalista”.

O trabalhador começa a ser explorado trabalhando diariamente entre 14-16h e auferindo salários cada vez mais baixos. Esta situação levou a que os trabalhadores sentissem necessidade de se associarem com vista a defenderem os seus direitos, surgindo, assim, os primeiros sindicatos.

Os sindicatos no decorrer da História desempenharam um papel fundamental e determinante para o futuro de uma classe ou mesmo de um país. Basta recordar no século passado o papel desempenhado porLech Wałęsa, fundador e líder do Solidariedade, na Polónia.

Assim, não restam dúvidas que o sindicalismo é fundamental para a justiça no mundo laboral. Contudo, facilmente se verifica que atualmente o papel dos sindicatos está muito desvirtuado.

A maioria dos sindicatos passou a ter uma postura de confrontação, como se patrões e empregados fossem duas realidades inimigas em lugar de serem cooperantes.

Atualmente, as últimas greves desencadeadas no nosso país são tão desproporcionadas que além de descredibilizar o sindicalismo, destroem qualquer capacidade de negociação. Recordemos o que ocorreu há um ano com os professores.

Estes não obtiveram nada do que pretendiam e o governo passou a ter uma credibilidade junto da opinião pública como não tinha tido até então, o mesmo aconteceu com a greve cirúrgica dos enfermeiros, uma greve extremamente injusta na forma como foi organizada perdendo qualquer legitimidade moral.

Mais uma vez, o poder negocial ficou completamente enfraquecido.

Finalmente, esta greve dos camionistas de matérias perigosas parece ser uma prenda para o atual Primeiro-ministro e patrões porque a partir de agora a capacidade negociadora dos camionistas diminuiu consideravelmente.

Através destes exemplos questionamos se os representantes destes sindicatos querem efetivamente o bem daqueles que representam. Se sim, não parece.

Quem está de fora fica com a sensação de se estar a orquestrar a destruição do sindicalismo, não deixando lugar para qualquer tipo de revindicação por mais justa que esta seja.

Neste último ano muitas classes de trabalhadores, ao contrário do que possa parecer, ficaram muito mais desprotegidas.

O sindicalismo foi uma grande conquista, não o destruam por favor!


Autor: Maria Guimarães
DM

DM

14 agosto 2019