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O nosso problema não é fazer pouco; é nem sempre fazer bem. O que nos prejudica não é deixar de fazer o importante; é nem sempre conseguirmos fazer o necessário.
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Gastamos tanto tempo com actividades preambulares que, muitas vezes, mal chegamos a entrar na acção central. Acresce que, a páginas tantas, corremos o risco de tomar o preambular por central, ficando este repetidamente adiado.
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Os preâmbulos da missão não podem dilatar-se de tal modo que não tenhamos mais que uma «missão de preâmbulos».Que pensar de um caminho que não nos conduz à meta?
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Ouvimos repetir – intensa e doutamente – que é preciso começar pelo «factor humano» para chegar a Deus. O propósito é meritório, mas o perigo espreita. O que, muitas vezes, se vê é que, com tanta insistência no humano, quase não se entra em Deus.
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E se não nos levam a entrar em Deus, que sentido têm os preâmbulos? Não podemos jamais sugerir – ainda que implicitamente – que Deus é um mero aditamento ao homem. O que urge testemunhar é que Deus é a vida do homem.
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Para quê então propor um humano anterior a Deus se, em Jesus Cristo, Deus já assumiu – definitivamente – o humano? Nós somos arautos do Deus-Homem, não portadores de um putativo homem-Deus. Anunciamos o Deus que Se humaniza, não o homem que se endeusa, desligando-se de Deus.
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Se demorarmos a alocar a nossa atenção no Deus que Se faz homem, facilmente nos habituaremos a colocar o nosso foco no homem que se afasta de Deus.Não podemos reduzir a fé a uma espécie de «humanismo transcendental», descrito em tempos por Luc Ferry.
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Ao contrário do que se possa pensar, o nosso ponto de partida não é a abertura do homem a Deus, mas a presença de Deus no homem. Karl Barth fazia estribar aqui a bissectriz que distingue as outras religiões do Cristianismo.Enquanto aquelas «atestam o movimento do homem para Deus, o Cristianismo constitui o movimento de Deus para o homem».
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Neste sentido, é nossa função sermos «maieutas», fazendo com que muitos possam descobrir o que Deus nunca quis encobrir. Afinal e como notou Xavier Zubiri, em relação a Deus o mais difícil não é «descobri-Lo», mas «encobri-Lo».
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Não espanta que, além do «ministério da pregação», São Guerrico tenha recomendado o «mistério da geração». Em tudo e sempre, façamos transparecer Deus. Sem parança e sem tardança!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira