Não nos bastaram os abnegados pontas de lança, de vermelho vestidos, que atacavam como sabiam e com tudo o que podiam e mesmo assim viam o árbitro (alta temperatura) e seus assistentes (ventos) ajudarem a já de si equipa mais forte. Na vida, como no desporto.
Também os nossos defesas (GNR) foram enganados e ao pensarem estar a defender vidas humanas, indicaram um caminho sem retorno para algumas dezenas de NÓS. E que dizer dos pensadores do jogo, que tudo tinham de decidir, muitas vezes sem estarem na posse de todos os dados? Houve falhas? Houve, de quem não ficou no recanto do lar e no aconchego da família, optando por sair e arriscar a vida, ajudando quem necessitava. E sem eles, como seria?
Na vida, como no desporto, temos de saber estar e valorizar o que realmente importa. E foi isso que fizeram os habitantes de povoações próximas ao receberem e auxiliarem os vizinhos. Abrigaram-nos e apoiaram-nos como podiam e sabiam. São necessárias tragédias para despertar o que de melhor há em nós. Porquê? Porque é que no desporto não recebemos assim? Ou, porque é que alguns, quando nos visitam, a primeira coisa que fazem, é insultar-nos?
Dizem que o desporto é uma escola de vida. Infelizmente, determinados comportamentos levam a que muitas famílias deixem de comparecer em estádios e/ou pavilhões, locais onde todos deviam apreender e perceber o valor do esforço, da entreajuda e da superação.
E porque também há quem saiba estar na vida como no desporto, e deixe saudades, gostaria de dar um abraço sentido a alguém que muito deu ao SCB e se despediu na passada quarta-feira. A imprensa em peso, colegas, dirigentes e adeptos, NÃO estiveram presentes, mas isso não obsta a que eu não enderece os parabéns a quem, com elevada postura e dedicação, muito deu a um símbolo, ao longo de quase duas décadas como treinador no futebol de formação. Estou a falar do professor Luís Ricardo Cerqueira que manteve postura semelhante, na saída também.
Não esperes gratidão de quem não mereceu ter-te conhecido ou tido a honra de contigo ter aprendido. Basta-te, e percebe-se, a dos que contigo souberam e quiseram aprender, e consequentemente cresceram, como jogadores, homens ou treinadores. E por fim, acredita que esta tua tristeza momentânea vai transformar-se em alegria, quando entrares um dia, e novamente como treinador, na Academia.
Quanto a nós, vou enviar-te o número da minha fila e cadeira, na poente do municipal para que possas comprar uma ao meu lado e assim mesmo, lado a lado, voltemos a reeditar uma dupla de sucesso em defesa do clube, como aconteceu inúmeras vezes noutros bancos, e continuemos na vida como estivemos no desporto.
Autor: Carlos Mangas
Na Vida como no Desporto…

DM
23 junho 2017