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Mudanças toponímicas, em África

  1. Uma super-subversão mundial que passa despercebida). A grande maioria dos adultos dos pobres dias de hoje (quanto mais, os distraídos jovens e as crianças) não fazem ideia da acelerada desagregação e degradação em que está envolvido o seu Mundo de hoje e de amanhã. A homogeneização (mixórdia) toma conta de tudo; os estúpidos, ambiciosos (e secretos) interesses de várias classes de super-privilegiados, objectiva mas transitória e pontualmente aliados, tudo procuram uniformizar, alterar, destruir, torcer, corromper… E não deparam com grandes resistências. Muito menos, organizadas. No futuro, tudo igual. E, “à distância de um (ou mais) cliques”… Esta aberração é, para certas forças da Corrupção e Destruição, o seu (erradíssimo) ideal de “progresso”. Na medida, entenda-se, em que sejam essas novas forças (e povos) que fiquem a mandar. Dissolvendo as outras forças e povos que já mandaram (p. ex. a Europa, o Cristianismo, o Catolicismo, o próprio Islamismo, hoje tão triunfador e confiante).

  2. África? Para mim… para sempre). Outrora eu achava (ainda acho) a América do Sul (e a Central, que já pertence à América do Norte) a mais bela porção do Mundo. Mas dela já perdi a esperança. Antevejo até, que as Américas continuem a caminhar para se tornar algo como a futura “terra prometida dos Judeus”, por mais estranha e esdrúxula que esta “profecia” possa ainda parecer, no momento actual. A Ásia continuará a ser dos vários (e diferentes ) povos asiáticos, com predomínio da China e Índia (e talvez, no norte, da Rússia). A Austrália, esse gordo “sitting duck”, caminha para ser um óbvio foco da tal “mixórdia” supra-citada. Da Europa nem falar… Sobra a África. Apesar da evidente evolução, ela ainda continua tão parecida com a África da minha infância e juventude. Demograficamente uma África sem grandes colonizadores ou “mixórdias”, excepto na vulnerável costa do Índico. E com uma Natureza ainda tão pujante, apesar das actuais ameaças muito sérias às suas paisagens e à sua grandiosa Fauna.

  3. Os nomes das regiões de África, na Antiguidade). Os antigos Egípcios designavam a sua terra por Kemi (e o seu rio Nilo, por Aur). É de “Kemi” que nasceram as palavras “alquimia” e “química”. Já os romanos que o conquistaram, chamavam-lhe Aegyptus (do grego “Aiguptos”, talvez duma frase egípcia alusiva ao deus Ptah e ao templo de Memphis). Os árabes adulteraram o nome para “copta”; e os judeus chamavam-lhe Mysrayim. Por sua vez, a Líbia deriva o seu nome do grego mais antigo, que assim designava as costas do norte de África a W. do Egipto. O que é hoje Argélia (do árabe “al-Djazira”, “as ilhas”, junto à vila de Argel), designava-se por Numídia, a terra dos númidas. Tunes (perto da arrasada Carthago) deu origem à actual Tunísia. E a Mauretania dos romanos (a terra dos “Mauri”, ou mouros) deu lugar a Marrocos (por alusão à cidade de Marráquexe). A Somália (e o Iémen árabe) eram o Punt, dos egípcios. O nome Sudão tem origem no árabe “balat as Sudan”, (“terra dos negros”). E o norte do Sudão, era a velha Núbia, dos egípcios. Também a Etiópia deriva o seu nome do grego antigo Aithiopia (a terra da “gente da pele queimada”, pelo disco do Sol…). A designação Abissínia provém do árabe “el Habesh” (a terra da mistura, tribal).

  4. Descolonização britânica e toponímia). A Rodésia (de Cecil Rhodes, 1853-1902) dividiu-se em três: Zambia (“rio Zambeze”), Malawi (o lago, o Niassa) e a South Rhodesia (hoje, Zimbabwe, em memória do velho povoado do Grande Z.). Salisbury, a sua antiga capital, homenageava lord Salisbury (1830-1903, o 1º ministro do Ultimato). É hoje, Harare. Os lagos Victoria e Alberto mantêm os nomes reais (o velho Uganda também era um reino…). A Tanzania é um híbrido de Tanga-nyika e Zanzibar. Já o Gana (que era o reino dos Ashantis) foi buscar o seu nome a uma região medieval do Sahel (a NW). Lagos (e Camarões) são nomes lusos. Nigeria é “terra dos Negros” (igual a Níger, “rio dos negros”).

  5. O caso sul- africano e namibiano). Colonizada pelos holando-franceses (os bóeres, “os lavradores”, desde 1652), a terra da Zuijd Afrikaanse Republiek (que, com Mandela esteve para ser “Azania”) foi, sob domínio britânico dividida um Cape, Natal, Orange (Oranije Vrij Stad) e Transvaal. Hoje, p. ex., há quem chame a Pretoria, Tschwane; a Johannesburg, Gauteng; e a Pietersburg, Polokwane. Na Namíbia (que até 1918, era o Deutsch-Südwest Afrika), a capital Windhoek (“o sítio ventoso”) ainda mantém o nome.

  6. Moçambique e Angola). Maputo “foi” Lourenço Marques, Xai-Xai (V. João Belo), Angoche (Antº Enes, um min. goês), Pemba (Porto Amélia), Lichinga (V. Cabral) e Chimoio (V. Pery). O Soyo “é” S. Antº do Zaire (ou Sazaire), S. Salvador é M'banza Congo, Uíge (Carmona), Calandula (Duque de Bragança), Saurimo (V. Henrique de Carvalho), Luena (Luso), Cachiungo (Bela Vista), Ndalatando (Salazar), Sumbe (Novo Redondo), Huambo (Nova Lisboa), Kuito (Silva Porto), Lumbala Nguimbo (Gago Coutinho), Lubango (Sá da Bandeira), Namibe (Moçâmedes), Tombua (Porto Alexandre), Menongue (V. Serpa Pinto), Quipuago (Paiva Couceiro), Ondijiva (Pereira de Eça), Xangongo (V. Roçadas).


Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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13 dezembro 2022