Falar de Mobilidade Sustentável é falar de um uso inteligente, estratégico e eficiente dos diversos modos de transporte, por forma a garantir que, por um lado, aproveitamos ao máximo o seu potencial prático e económico e, por outro lado, o fazemos de modo a conservar os recursos naturais e económicos, e também de forma a promover um tipo de ocupação do espaço público que nos permita fruir da cidade em condições de conforto, saúde e segurança.
Ou seja, transportar um maior número de pessoas para os locais necessários, reduzindo os custos das viagens, bem como os decorrentes da construção e manutenção da rede viária, reduzindo a poluição e reduzindo o espaço público alocado para circulação ou estacionamento de veículos.
O que num primeiro olhar parece um paradoxo é, afinal de contas, um objetivo prático e concreto para o qual temos de começar a trabalhar já. Reduzir níveis de ruído, gases e partículas poluentes (que todos os anos nos causam doenças) é uma prioridade. Sem saúde, não há qualidade de vida nem bem-estar. Nem uma economia forte, se isso interessar mais.
Ao mesmo tempo, sabemos que o espaço urbano é limitado. Ocupar as ruas com mais carros, mesmo elétricos, atrofia as zonas residenciais e comerciais e torna-as menos seguras, mais barulhentas e de um modo geral menos aprazíveis.
É por isso tempo de apostar em alternativas, que existem e são do conhecimento geral. Uma boa rede de transportes públicos permite assegurar a deslocação de um grande número de pessoas, sem entupir a cidade de carros (um autocarro substitui facilmente cerca de 40 automóveis e ocupa muito menos espaço).
Por outro lado, a bicicleta permite percorrer de forma económica distâncias curtas, até cerca de 5km, e com grande eficiência em termos de tempo, quando comparamos com o automóvel e levamos em consideração custos, estacionamento, etc. Não polui, não faz ruído e ocupa muito menos espaço que um carro.
A implementação de uma Mobilidade Sustentável (inteligente, estratégica, eficiente) à escala de uma cidade como Braga requer coragem política, arrojo intelectual e capacidade de planeamento e execução. Para conseguir o máximo benefício para todos os cidadãos, vai ser necessário levar a cabo medidas que num primeiro momento podem até nem ser populares. Mas não fazer agora esse investimento seria comprometer irremediavelmente uma parte importante do futuro da próxima geração.
Autor: Victor Domingos