twitter

Mês de Maio: Maria, medianeira de todas as graças

Deus, criador de tudo o que existe fora de Si, quis que viéssemos à existência com um único objectivo: fazer-nos participar na sua felicidade perfeita. Como perfeita que é, nunca acaba, nem teve qualquer princípio. Se em Deus ela é eterna, em nós, que tivemos um princípio – somos criaturas – é fruto da condição imortal com que, por vontade divina, foi dotada a alma humana.. Esta realidade é tão sublime, que os nossos esforços voluntários não são suficientes para a conquistar por si mesmos. Daí que a felicidade perfeita (que experimentaremos no Céu) a que fomos chamados seja um dom de Deus, isto é, uma consequência da graça que Ele nos concede. No entanto, da nossa parte tem de haver luta e correspondência por conseguirmos algum merecimento. Para isso, é necessário querermos corresponder ao que Deus nos pede, tendo consciência de que nada do que nos é por Si solicitado seja impossível para nós, não se adapte às nossas capacidades e não seja o mais conveniente, ainda que custoso. Como diz a Escritura, através de S. Paulo, “Ninguém é tentado acima das suas próprias forças”(1 Cor 10, 13). E Deus, com a sua perfeição absoluta, sendo um conhecedor ímpar das nossas possibilidades, só nos pede o que podemos realizar, auxiliando-nos com a sua graça, que não substitui o que naturalmente temos capacidade para fazer, mas apenas completa e aperfeiçoa a sua concretização. Esta graça divina, porém, quis Deus que se tornasse mais compreensível e sentida para nós, encarregando alguém que nos é profundamente familiar de ser o seu instrumento de comunicação e também de petição. Por isso, quando recebemos alguma graça ou a pedimos, há sempre um instrumento, um canal (que é uma pessoa concreta) que a faz chegar até nós ou que de nós a encaminha até ao próprio Deus. Essa pessoa é Nossa Senhora. Ela é Mãe comum de Deus e de nós. Se a distância entre nós e o ser divino é infinita, Maria Santíssima, torna a nossa relação com Ele mais familiar, e, portanto, mais próxima e acessível. Certamente que Deus é nosso Pai, por sua vontade expressa, mas numa família humana há sempre um pai e uma mãe. Deus quis aproximar-Se de nós concedendo-nos uma família no Céu com as mesmas características da nossa família terrena. Certamente que se Maria é Mãe de Deus é a melhor das Mães, porque as opções divinas são perfeitas. Mas que Deus tenha querido, através de Cristo, conceder-nos a graça de termos uma Mãe comum, revela da Sua parte um desejo de nos tornar mais próximos de Si, através de um laço de intimidade profundamente familar. Além disso, a situação em que esta doação se realiza, além de dramática, é um claro sinal da misericórdia divina. Cristo, na Cruz do Calvário, está sofrendo horrorosamente as maiores dores - físicas e morais - por nossa causa, para nos redimir e voltar a dar a possibilidade de alcançarmos o Céu, privilégio que tínhamos perdido como consequência do pecado. Desprende-Se da sua vida humana, como penhor da nossa salvação. Mas não apenas da sua vida: Ele, que é Filho único de Maria, a partir do momento em que pede à Virgem Santíssima, na pessoa de João Evangelista, a aceitação da nossa maternidade e esta a confirma, passa a ter todos os homens como irmãos num tipo de fraternidade mais familiar, porque se tornam imediatamente filhos de sua Mãe. Alguns anos depois, Nossa Senhora, por vontade divina, é elevada ao Céu em corpo e alma, penetrando definitivamente no ambiente adequado a quem é Mãe de Deus. Mas ela continua a ser Mãe de todos os homens. Por isso, no Céu passa a morar para sempre quem é nossa Mãe. Deus não esquece que Maria é a pessoa e o meio mais adequado para os homens se aproximarem da Santíssima Trindade, pois é Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho e Esposa de Deus Espírito Santo. Ou seja, tem, relativamente a Deus, todos os graus familiares mais íntimos. Mas ao ser também Mãe de todos os homens, ela não os esquece e continua a fazer o que sempre fazem as mães em relação aos seus filhos: cuidar deles, interessar-se pela sua vida, amá-los como só ela o pode e sabe fazer. Por isso, a declara Medianeira de todas as graças, pois é o caminho certo e eficaz para que os homens se aproximem de Deus com confiança e o apoio da Mãe comum e d’Ele recebam tudo o que necessitam para que um dia possam alcançar a graça das graças: entrar no Reino dos Céus.
Autor: Pe. Rui Rosas da Silva
DM

DM

23 maio 2020