Prossigo com a citação do discurso proferido pelo Papa Francisco em 27 de setembro.
Acompanhamento dos casais novos
«A maior eficácia do cuidado pastoral realiza-se onde o acompanhamento não acaba com a celebração das bodas, mas guia pelo menos os primeiros anos de vida conjugal.
Mediante diálogos com cada casal e momentos comunitários, trata-se de ajudar os jovens esposos a adquirir os instrumentos e os apoios para viver a sua vocação. E isto não pode acontecer a não ser através de um percurso de crescimento na fé dos próprios casais.
A fragilidade que, sob este aspeto, se encontra muitas vezes nos jovens que se aproximam do matrimónio torna necessário acompanhar o seu caminho além da celebração das bodas.
E isto — diz-nos ainda a experiência — é uma alegria para eles e para quantos os acompanham.
Trata-se de uma experiência de maternidade jubilosa, quando os recém-casados são objeto dos cuidados solícitos da Igreja que, nas pegadas do seu Mestre, é Mãe esmerada que não abandona, não descarta, mas aproxima-se com ternura, abraça e encoraja».
Casos de nulidade
«No que se refere àqueles cônjuges que experimentam problemas sériosno seu relacionamento e estão em crise, é preciso ajudá-los a reanimar a fé e a redescobrir a graça do Sacramento; e, em certos casos — que devem ser avaliados com retidão e liberdade interior — oferecer indicações apropriadas para empreender um processo de nulidade.
Quantos se deram conta de que a sua união não é um verdadeiro matrimónio sacramental e querem sair dessa situação, possam encontrar nos bispos, nos sacerdotes e nos agentes pastorais o apoio necessário, que se exprime não somente na comunicação de normas jurídicas, mas antes de tudo numa atitude de escuta e de compreensão.
A tal propósito, as normas sobre o novo processo matrimonial constituem um instrumento válido, que deve ser aplicado concreta e indistintamente por todos, a cada nível eclesial, porque a sua derradeira razão é a salus animarum! (salvação das almas!)
Alegrou-me tomar conhecimento de que muitos Bispos e Vigários judiciais acolheram e atuaram prontamente o novo processo matrimonial, para o alívio da paz das consciências, sobretudo dos mais pobres e distantes das nossas comunidades eclesiais».
Uniões de facto
«Faço votos a fim de que o horizonte da pastoral familiar diocesana seja cada vez mais vasto, assumindo o estilo próprio do Evangelho, encontrando e acolhendo também os jovens que escolhem conviver sem se casar.
É necessário dar-lhes o testemunho da beleza do casamento!
Que o Espírito Santo vos ajude a ser construtores de paz e de consolação, de maneira especial para as pessoas mais frágeis e necessitadas de ajuda e de solicitude pastoral».
Uma inquietação pessoal
A Pastoral Familiar é – ou deve ser - uma das grandes preocupações da Igreja, a que também tenho dedicado parte considerável do meu tempo.
Os casais que vivem situações difíceis são credores do apoio da Igreja.
Este apoio envolve, também, os casais que, desfeita a união sacramental, vivem em união civil ou em simples união.
Esta união não significa que deixem de ser membros da Igreja, em cujas atividades são convidados a participar. A confiarem, como todos os demais cristãos, no amor e na misericórdia de Deus.
É dever dos cristãos, relativamente a estes irmãos seus, assumirem, de facto, uma atitude de compreensão, de acolhimento, de ajuda.
Tais atitudes de compreensão, de acolhimento, de ajuda significam que se altere a doutrina tradicional da Igreja relativa ao acesso aos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia?
Esta é uma questão que, face a certas novidades que por aí andam, muito me preocupa e gostaria de ver devidamente esclarecida por quem tem autoridade para o fazer.
Autor: Silva Araújo