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Maria, Mãe da Igreja

No dia 3 do mês de Março passado, o Papa Francisco brindou todos os fiéis com um importante documento. Refere-se de um modo espacial a Nossa Senhora, com o Decreto “ECCLESIA MATER”, em que se estabelece que, a partir já da próxima 2.ª Feira seguinte ao Domingo de Pentecostes, este ano dia 21 Maio, toda a Igreja celebrará, como Memória Obrigatória, a evocação de Maria, Mãe da Igreja.

Se é certo que uma esmagadora maioria dos filhos da Igreja a que preside o Papa Francisco recebeu com alegria esta notícia, que reconhece a Maria Santíssima a missão exemplar de ser a Mãe da instituição que o Seu Filho, Jesus Cristo, instituiu para ser a distribuidora da sua graça e do seu auxílio a todos os homens, sobretudo a partir da Ascensão aos Céus e até ao fim dos tempos, houve alguém, que sem objectar propriamente o acerto desta disposição do Romano Pontífice, mostrou uma certa estranheza por se dar tanta importância a Nossa Senhora, que já é invocada de formas tão diversas por toda a Igreja.

Em primeiro lugar, convém recordar que o título de “Mãe da Igreja” acompanha toda a vida eclesial desde os primeiros séculos. Pelo menos, com absoluta certeza, foi usado por Santo Ambrósio de Milão, grande doutor da Igreja, que viveu entre 338 e 397. E há razões para isso. Como se escreve no Catecismo da Igreja Católica (n.º 963), aproveitando um texto do Beato Paulo VI: ” (...) a Virgem Maria (...) é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus Redentor (...) e é verdadeiramente “Mãe dos membros (de Cristo) (...), porque cooperou com o seu amor para que na Igreja nascessem os fiéis, membros daquela Cabeça” (Lúmen Gentium, 53, citando St. Agostinho, Virg. 6). “Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja”. In: PauloVI, Discurso de 21 de Novtembro de 1964.

Ou seja, sendo Cristo “Cabeça da Igreja (cfr. Ef. 2, 22) e nós membros dessa mesma Igreja (cfr. 1 Cor 12, 27), e Nossa Senhora, Mãe do Redentor, não poderá deixar de ser Mãe dos fiéis. Aliás, recorde-se, nesta ordem de ideias, a vontade do Senhor nos tornar filhos de sua Mãe, quando, na Cruz, muito perto da sua morte, lhe pede para ser mãe de todos os homens, aí representados pelo apóstolo João. É mais um acto de desprendimento de Jesus, até então filho único da Virgem Santíssima. Não se importa – antes deseja ardentemente – que toda a humanidade receba os benefícios da maternidade de Sua Mãe e não apenas Ele. Maria é, pois, mãe de todos os homens pela graça de Cristo, nosso Salvador.

O Papa Beato Paulo VI, no discurso citado, com que se encerrou a terceira sessão do Concílio Ecuménico do Vaticano II, quis usar este título de “Mãe da Igreja” para enaltecer o papel de Maria na obra da nossa Redenção e na vida da própria Igreja. S. João Paulo II, por seu turno, no dia 15 de Março de 1980, acrescentou esta invocação, logo a seguir à de “Mãe de Jesus Cristo”, na Ladainha Lauretana.

No Vaticano e em alguns outros lugares e instituições da Igreja, a sua invocação com este título começou a celebrar-se festivamente, obtida a devida autorização canónica. Parece, pois, um desfecho natural e justo que o actual Romano Pontífice tenha querido estender a toda a Igreja a “Memória” de “Maria, Mãe da Igreja”, que lembra o papel corredentor de Nossa Senhora de um modo mais explícito e relevante.

Não sabemos quantos benefícios trará para a Igreja e para os católicos, bem como para todos os seus irmãos, os homens, esta iniciativa papal. Sabemos, no entanto, que Maria, como Mãe, tem a missão de velar por todos os seus filhos, que Jesus lhe distribuiu de mão larga, confiado certamente em tantas e tantas boas recordações com que ela sempre O acalentou, desde a Sua Concepção em Nazaré, até à sua presença dolorosa no Calvário, junto de Jerusalém.

Há uma oração, onde se pede que, por se encontrar Maria na presença de Deus, fale bem de nós, como boa Mãe que é. Nossa Senhora fá-lo sempre, mesmo quando os seus filhos andam distraídos ou são rebeldes. E como deve ter ficado contente com esta nova “Memória” com que é relembrada em toda a Igreja. Será mesmo a sua Mãe, que intercederá com autoridade e desvelo afectuoso pelas suas necessidades e pelos seus fiéis.


Autor: Pe. Rui Rosas da Silva
DM

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21 abril 2018