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Males que afligem as famílias

Às portas do Natal, olhos postos na Família de Nazaré, reflitamos sobre as nossas famílias.

Devido às transformações culturais e sociais, à inversão e ausência mesmo de valores, à mudança de hábitos e costumes e, sobretudo, à dominação das teorias feministas, fomentadas e apoiadas pelos marxistas-leninistas, trotskistas e maoistas, que abalam a sociedade, a instituição familiar tradicional desmorona-se; depois, tenho cá para mim que um dos piores males que afligem certas famílias, certos lares de hoje, é, sem dúvida, a falta de diálogo entre os seus membros o que, na prática, se traduz por uma permanente inexistência das habituais reuniões dos agregados, seja à hora das refeições, seja aos serões.

Ora, embora sendo as condições de trabalho modernas que mais obstaculizam

esta realidade, o fenómeno das redes sociais, dominador e alienante, aumenta exponencialmente o silêncio e a falta de relação entre os residente familiares; até, à mesa do café ou do restaurante tal se constata no comportamento de uns e outros, agarrados às tablets, aos smartphones e aos telemóveis.

Daqui resulta, obviamente, o desgaste e esvaziamento das relações familiares, seguidos de um natural alheamento e distanciamento; e, assim, os pais pouco ou nada sabem da vida escolar, afetiva e relacional dos próprios filhos que passam a saber e a aprender com colegas e estranhos muito daquilo que da vida e da forma de estar na vida deviam saber e aprender através dos pais.

Pois bem, esta transferência de competências da esfera familiar para a dos amigos, colegas e companheiros é, na maioria das situações e relações, prejudicial e perigosa, podendo marcar decisiva e definitivamente o rumo da vida social, afetiva, sexual e relacional dos filhos; e, naturalmente, esta educação informal, de rua, acarreta perigos e desvios vários na formação da personalidade e do caráter das crianças e jovens.

É um facto comummente aceite que a vida moderna é difícil para qualquer casal que enfrenta a dura realidade de ter filhos, de os criar e educar; e, porque o trabalho afasta de casa os pais, de manhã à noite, na maioria dos casos, a criação de condições sociais, laborais e organizacionais de apoio à família é uma emergência, como, por exemplo: berçários, creches, infantários e escolas em número suficiente e a todos igualmente acessíveis, horários de trabalho flexíveis, segurança profissional, promoção do papel do pai através da partilha da licença parental e apoio à família, através da sensibilização dos governos, empresários e empregadores, mormente conciliando os horários de trabalho com a vida familiar e, até, instalando junto das empresas creches e infantários para os filhos dos trabalhadores.

Agora, face a esta realidade facilmente se perde o contacto entre os próprios pais e mais gravoso ainda entre os filhos; e, então, estes ficam à mercê, quantas vezes, de si próprios ou de companheiros e irmãos mais velhos, incapazes de os ajudarem e orientarem, como convém, no desenvolvimento saudável e harmonioso.

Igualmente não menos gravoso é encontrarem escolas mal apetrechadas e organizadas para os receber, compreender e ajudar uma vez que carregam já frustrações, angústias e medos; ou ainda de professores que não conseguem, não podem ou não querem enfrentar essa dura realidade e, apenas, os catalogam de estudantes medíocres, indisciplinados e sem futuro.

Ninguém, neste momento, talvez negue que seja preciso fazer qualquer coisa

para que este abandono forçado das crianças e jovens por parte das famílias seja de alguma forma corrigido e compensado por outras instituições sociais; pois se é da própria organização da vida em sociedade que tal fenómeno resulta, a ela cabe repor a boa harmonia e saudável relacionamento entre os seus membros.

Todavia, como entendo e defendo serem os pais os primeiros e mais privilegiados educadores dos próprios filhos, a eles devem ser dados os necessários meios e condições para exercerem esse dever; e a começar, naturalmente, por uma maior e mais sólida proteção à família por parte não só das entidades governativas, como patronais e da sociedade em geral.

Este, objetivamente, é um desígnio nacional que, repito, às portas do Natal e olhos postos na Família de Nazaré, a todos se põe em termos de futuro imediato; e, até, para que retomemos os nossos valores e princípios fundamentais tão esquecidos e negligenciados, mormente, por quem legisla, educa e governa.

Então, até de hoje a oito.


Autor: Dinis Salgado
DM

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11 dezembro 2019