Quando se fala de Desporto, não se deve aludir a idade, mas a capacidade. Está estudado que as carreiras desportivas se prolongam cada vez mais. Por exemplo, de 1988 (Seoul) para 2016 (Rio) a média de idades dos atletas olímpicos aumentou quase 3 anos.
Existem atletas que prolongam as suas carreiras e continuam a ser marcantes nas respetivas modalidades, pela expressão competitiva (tática, técnica, física, estratégica) que demonstram, mas também pela capacidade em alterar o seu reportório motor e estratégico.
Está também provado que os “experts” podem não ser os mais rápidos a executar, mas são os mais assertivos e rápidos a decidir. “O desporto na realidade pratica-se com a cabeça, as pernas estão para ajudar”, esta é uma conhecida afirmação de um técnico do futebol, que retrata muito bem que a idade, a experiência, podem, muitas vezes, ser uma mais valia, para qualquer desporto.
É evidente, que a ciência e o conhecimento têm invadido o treino, e cada vez há mais cuidados, em todas as áreas que o envolvem. Cada vez mais o treino é individualizado, os atletas são analisados (testes ao sangue, biomecânicos, morfológicos...), conhecendo profundamente as suas maiores lacunas biológicas e carências, o que permite otimizar o processo de treino, a alimentação e a recuperação.
Os atletas com maior poder económico (muito comum na NBA, no ténis, no golfe, no futebol de elite) têm-se rodeado dos seus próprios treinadores, fisioterapeutas, o que permite técnicas de recuperação muito mais ajustadas ao esforço individualizado. Os métodos de treino melhoraram muito, as condições dos espaços estão mais ajustadas, a alimentação está cada vez mais cuidada, mas isso não invalida que o atleta possa ter problemas de ordem física.
Mesmo quando surgem lesões, quer agudas ou de sobrecarga por acumulação de esforço, existem atualmente técnicas de reabilitação física, comprovadamente mais eficazes, mais rápidas na regeneração (celular, orgânica, mecânica), com menos tempo de paragem e mesmo as cirurgias são menos invasivas.
Existem muitos exemplos de atletas, que mantêm o seu estado competitivo e prologam a sua carreira por 20, 30 anos. O caso mais espantoso é Miguel Maia, que aos 50 anos, ainda joga na 1ª divisão de voleibol. Mas, muitos outros poderiam ser mencionados (Lewis Hamilton, Roger Federer, Valentino Rossi, LeBron James, Eliud Kipchoge, entre outros) que com 30 e muitos ou 40 anos, continuam a ganhar, a serem dos melhores, dos mais influentes, ou seja, continuam na elite da sua modalidade.
Um atleta que manifestamente apresenta uma capacidade incrível na sua prestação desportiva e que contínua a bater recordes é Cristiano Ronaldo. O CR7 é o exemplo maior e mais extraordinário de entrega, paixão, competitividade, ambição, no fundo, com capacidade e longevidade no alto nível. Cuida do seu organismo, da sua alimentação, faz uma boa gestão da carreira e, por isso, continua a ser um exemplo para todos.
Criticar CR7 pela sua idade, só poderá advir daqueles que não percebem nada do fenómeno desportivo. Até determinado nível, a idade é só um número e não representa muito mais que isso, pois o brilho e a paixão não têm idade.
Autor: Carlos Dias
Mais velho… mais rápido, mais alto, mais forte

DM
9 julho 2021