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Mais uma vez o(s) Estádio(s)

Na última opinião aqui dada de forma escrita, que versou o tema do Estádio 1.º de Maio versus Estádio Municipal, a qual partilhei nas redes sociais, recebi algumas manifestações a favor e outras contra. É normal, e assim deve acontecer desde que de forma elevada para bem das discussões e resolução dos problemas e a favor de todos.

Quero, no entanto, sublinhar que da minha parte não existe nenhum interesse particular no que seja a decisão sobre este tema no futuro, pois não sou arquiteto, engenheiro, empreiteiro ou político e, quando se decidir em relação à matéria do que fazer a dois Estádios da Cidade de Braga, se algum dia houver coragem para o fazer, nem sequer serei dirigente do SC Braga.

O meu compromisso é para com a sociedade, para com o bem comum e o desenvolvimento, para com Braga onde já passei o maior tempo da minha vida.

Sobre a questão dos Estádios, é um dado adquirido e consensual de que a construção do Municipal foi irracional, que nunca se deveria ter avançado para esta situação, quando a solução mais lógica teria sido a recuperação do Estádio 1.º de Maio e que, com a necessária intervenção de reabilitação, cumpriria com os requisitos técnicos para receber dois jogos do Euro 2004.

Claro que esta situação também não impediria todas as obras de acessibilidades à (e na) Cidade que se resolveram de forma razoável (quem não se lembra do que era entrar em Braga antes de 2004), assim como a necessidade de criar zonas de parqueamento nas proximidades do antigo Estádio.

Mas o que está feito está feito e não totalmente pago, agora há que tomar as melhores decisões e seria recomendável ter como referência os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030. Haverá sempre duas alternativas para enfrentar este problema:

1. Manter a situação atual, com o SCBraga e seus agentes insatisfeitos com as condições do Estádio Municipal, continuar a minimizar os efeitos da degradação do Estádio 1.º de Maio, e a Câmara Municipal a suportar encargos dos dois lados e com retorno muito negativo;

2. Reabilitar o Estádio 1.º de Maio tonando-o moderno e funcional para a prática de Futebol, preservando o traço arquitetónico e memória coletiva deste equipamento, constituindo-se como a “casa” permanente da equipa principal de futebol do SCBraga, reabilitando ainda e construindo novos equipamentos desportivos e ofertas na área circundante. A gestão de forma direta ou indireta do Estádio Municipal deve ser assumida por parte da autarquia, com uma programação que promova uma viabilidade deste equipamento desportivo com o aproveitamento de todas as oportunidades para a sua “exploração”.

Pegando nesta última solução, na qual acredito pessoalmente e que merecerá um estudo sério, é possível haver programação e taxas de rentabilidade interessantes, desde logo com a realização de jogos de futebol envolvendo clubes locais, seleções distritais e nacionais, eventos desportivos concentrados; contratualizar um número mínimo de jogos do Braga (por exemplo um de taça, um de campeonato, mais um com uma equipa grande e outro de competições europeias) em que a receita ou sua parte, seria a favor da autarquia enquanto a dívida do Estádio não estivesse paga (responsabilidade social e para com a comunidade);

Na mesma lógica, realização de concertos musicais, nomeadamente aproveitando um dos dias do Enterro da Gata em que a receita seria para a Autarquia (a Academia também tem que ajudar a cidade); para além da realização de eventos corporativos, sociais, feiras, exposições, etc.

Certamente haverá muitas e boas oportunidade para uma equipa de gestão qualificada e de mérito reconhecido viabilizar e potenciar esta futura e desejável “centralidade” local, regional e mesmo internacional.

O mal está feito, mas a responsabilidade é sempre de todos quando se trata do património e do bem comum, agora há que olhar para o futuro e proteger as próximas gerações, e com responsabilidade partilhada.


Autor: Fernando Parente
DM

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14 maio 2021