Segundo um estudo realizado no passado ano pelo “European Social Survey”, Portugal foi novamente referido com uma das mais baixas percentagens de pessoas que praticam exercício físico frequentemente. Este estudo, que analisa as atitudes quanto à saúde física e mental em 21 países, mostra que apenas 13,1% dos homens portugueses e 11,5% das mulheres praticam exercício físico com frequência.
Falando da participação desportiva das mulheres, sabemos que, pouco mais de 130000 mulheres se encontram registadas em Federações Desportiva, representando este número, cerca de 3 vezes menos que as inscrições dos homens. Claro que quando pensamos em resultados desportivos nas grandes competições desportivas mundiais, com este número, as probabilidades de subir ao pódio são bastante diminutas.
Sabemos que a participação desportiva das mulheres sofre variações consoante a idade, o nível de escolaridade e o estatuto socioprofissional. São sobretudo as gerações mais velhas, menos escolarizadas, e enquadradas em grupos sociais menos favorecidos, que mais contribuem para o baixo índice de participação global das mulheres. Mas de uma forma geral, torna-se complicado para as mulheres portuguesas conciliar a atividade profissional com as acrescidas responsabilidades familiares enraizadas ao longo de gerações, é também uma barreira cultural que tem que se deixar para trás.
É fundamental desenvolver uma política pública direcionada para a as preferências e caraterísticas das mulheres. Não poderemos desvalorizar, ou mesmo esquecer, a inexistência de uma oferta acessível e articulada com o tipo de procura requerido pelas mulheres. Por outro lado, muitas das instalações desportivas existentes, de uma forma geral, ainda não oferecem o conforto e situações ideais para a prática desportiva feminina. Em relação ao Desporto Federado, a maioria dos clubes, que representam ainda grande parte da oferta no país fora da idade escolar, não oferece uma prática desportiva no âmbito do lazer, sendo este mercado preenchido por clubes privados que nem sempre praticam preços comportáveis para a maioria das famílias portuguesas.
O Dia Internacional da Mulher, que se comemorou esta semana, mais do que representar um momento para nos lembrar da importância da igualdade de género e papel fundamental das mulheres na sociedade, no que toca à participação desportiva, poderia ser um dia encarado como um marco de viragem nas políticas públicas desportivas dirigidas ao setor feminino. Aos responsáveis Políticos Nacionais e da Administração Pública Desportiva, fica lançado o desafio para que se trabalhe mais e melhor em prol do Desporto para as Mulheres. Temos um ano de trabalho pela frente, que se faça algo! Bom trabalho!
Autor: Fernando Parente