Anteontem fui surpreendido com a notícia de que o SC de Braga havia sido castigado com um jogo à porta fechada porque os adeptos do clube haviam entoado gritos ou cânticos racistas no jogo frente ao Desportivo das Aves, há vários meses atrás.
Esta decisão deixa imensa margem para comentário e contestação; é mais uma triste decisão deste triste e manipuladíssimo campeonato. Desde que vou à bola, há mais de 40 anos que oiço imbecis imitarem macacos nos campos de futebol.
Tais imbecis, que deviam ver o jogo enjaulados, aparecem em todos os clubes sem exceção e em todas as épocas. As questões maiores que se põem agora, com toda a pertinência, são estas: Porquê AGORA? E porquê o SC DE BRAGA? Este é o primeiro caso de racismo que resulta em castigo, em Portugal.
Ou seja, mesmo que haja razão nesta condenação, há um castigo sem precedente, sem que se compreenda uma razão objetiva para que o Braga seja a cobaia ou o exemplo para os meninos mal comportados.
E já agora um desafio ao leitor: imagine que este castigo, para dar o exemplo a todos, era aleatoriamente atribuído a outro clube (sim, porque a escolha do Braga só pode ter sido aleatória) e imagine-se que calhava o castigo ao Porto, Benfica ou Sporting? Como seriam as reações dos presidentes, ou dos papagaios a que chamam diretores de comunicação?
Estão a imaginar o senhor Saraiva aos saltinhos e a praguejar, com o senhor Carvalho a fazer posts no Facebook, o senhor Da Costa a chamar os capangas e o senhor Vieira a telefonar desesperado aos moços dos programas de televisão?
Já agora, o timing: quando será cumprido este castigo, com o óbvio e necessário recurso? É que o Braga recebe o Benfica em meados de Janeiro e o Sporting em finais de Março. Fiquemos atentos às “coincidências”…
Ao mesmo tempo, a chafurdice entre os “grandes” em torno dos árbitros continua. Parece que a Benfica TV “deu um jeitinho” numas imagens de um pretenso penalti dum jogo do Porto. Aparentemente, a Benfica tv agiu como no meu tempo de infância alguns de nós agíamos ao fazer bigodes e barbichas nos retratos dos livros e nos cartazes eleitorais.
Ao manipular de uma forma tão ingénua, tão descarada e tão irracional, os autores da brincadeira mais não fizeram que rabiscar uma bigodaça no cartaz do Presidente da Câmara para depois ficarem escondidos atrás de uma árvore com um risinho de hiena (hi hi hi) a ver a reação de quem passa.
Isto é absolutamente ridículo, próprio de pessoas que literalmente não têm mais o que fazer. Como diria o americano, “get a live”. Arranjem uma vida própria, caramba!
Penso que para lá do ridículo, há um problema profundo por trás disto: o futebol profissional não devia ser transmitido por canais televisivos dos clubes; isso contribui para a desigualdade no acesso à informação e mesmo na desigualdade perante atos decisórios, como se tem visto com o VAR.
Os produtores, realizadores e técnicos deviam sempre ser independentes. Basta ver o que se passa “lá fora”…
Autor: Manuel Cardoso
Mais comédia barata
DM
30 novembro 2017