Mas então todas as precauções não são poucas. Veja-se esta notícia por exemplo do Jornal Expresso (12/8/17): “Tchernobyl chegou a Nápoles”. Também poderia ser “O nazismo chegou a Nápoles”. Ou, para nós, crentes, “satanás chegou a Nápoles”, para não dizer um palavrão. Entre outros títulos possíveis. Entre outras coisas, refere a notícia assinada por Mónica Barnabé: “Disparam os casos de crianças com cancro na área metropolitana napolitana.
A Camorra (máfia local) trafica e enterra resíduos tóxicos que, quando pode, incendeia de noite”; ou: “O Instituto Superior de Saúde realizou um estudo que confirma o que já era um segredo de Polichinelo: a hospitalização e mortalidade por cancro na Terra dos Fogos é 7 a 10% superior à do resto da região meridional da Campânia. A incidência de tumores disparou: mais 51% até ao ano de idade e mais 42% até aos 14”. É mais um caso para dar um murro na mesa e estar alerta. Todos os cuidados são poucos quanto ao lixo importado por Portugal.
E se vier de Itália, pelos vistos, as atenções têm que ser infelizmente redobradas. Haverá relação?! “Quando a esmola é grande, o pobre desconfia”, diríamos. Mais recentemente, uma notícia assinada por Joana Marques Alves no Jornal i (11/4/17), vem explicar ainda mais porque tanta gente quer lixo, e, desde logo, cá em Portugal. Ora veja-se o título: “Resíduos. Há quem ganhe (muito) dinheiro com o lixo dos outros”. Assim: “… se forem resíduos metais, não representam um valor muito avultado, mas se falarmos de outro tipo de componentes elétricos ou eletrónicos, já estamos perante resíduos que podem gerar um montante maior.
Se estivermos a falar de resíduos perigosos, mais rentável se torna o negócio, pois em termos de tratamento são mais dispendiosos.” E como acaba esta notícia? Da seguinte forma: “O envio de resíduos para outros locais foi a solução encontrada por Itália para escapar a uma multa de 120 mil euros por dia aplicada pela União Europeia por atentado contra o meio ambiente. Este é um negócio que levanta muitas dúvidas, mas que não é considerado ilegal em Portugal – de acordo com a notícia da RTP, esta foi a primeira vez que o país recebeu uma quantidade tão grande deste tipo de resíduos.
O i tentou contactar a Agência Portuguesa do Ambiente para perceber se continua a entrar lixo italiano em território português, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta”. Enfim, fazemos o seguinte raciocínio lógico: se em Portugal é possível morrerem mais de 60 pessoas num incêndio como Pedrógão; se é possível desaparecerem quantidades elevadas de armas, quer das polícias, quer dos paióis dos militares; se é possível que Portugal continue a ser uma das principais fronteiras da passagem da droga proveniente das Américas para a Europa mais rica; se é possível que em Portugal continue a ser praticado o assédio moral de modo impune (o Sindicato vai continuar a denunciar!)…
Se é possível tudo isto (e muito mais, como tráfico de pessoas incluindo crianças, abusos sexuais reiterados, etc.), alguém tem dúvidas de que também não pode estar a entrar lixo em Portugal altamente perigoso para a saúde pública? Quer de modo legal, quer de modo ilegal. E ninguém faz nada?! Quais os resultados da fiscalização? Não deveria haver uma espécie de “Portal da Transparência Ambiental em Portugal”?! Se estamos a falar de máfia italiana, Camorra, ou qualquer outra organização criminosa similar, não nos podemos esquecer que estamos a falar de milhares de milhões de dólares, euros, etc., cuja lavagem também serve para corromper quem se quiser armar em virtuoso!
Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira