O populismo actual, entende-se. Pode ser sanado e fácil de combater, se, os granjeadores de destinos das nações, dispuserem de mais atenção, de mais cuidados e de mais sentido de Estadistas, em benefício da tão desejada justiça social.
Como se compreende que haja países que economicamente estão bem – assim se pode afirmar – como o caso do Reino Unido, da França, dos Estados Unidos e outros, e, os seus povos, manifestam descontentamento quanto a orientações políticas e, como se tem verificado, até as políticas apregoadas em programas partidários, os povos contestam, acusam-nos de desactualizados, de partidarite caduca? O mal-estar dos votantes é sobejamente conhecido em qualquer país.
Certas economias mantêm-se vivas e as regalias sociais convencem os madraços e outros habilidosos. Mas estes, estarão a ser demasiado protegidos (economicamente), e não se está a dar valor ao trabalho ou à segurança do trabalho?
O populismo é real, e todas as ideologias políticas o acolhem, na busca de eleitores baratos, fáceis, desorientados, não esclarecidos. A esquerda política acena com regalias inalcançáveis, pratica a demagogia, mente e varre dos seus palcos tudo que lhe seja adverso. Os do centro (político), vivem de ilusões, de angariação de cargos bem pagos e da colocação de filhos, afilhados e amigos. A cega direita, pugna pelas pessoas de olhos azuis e de cabelos loiros que, têm como ídolo, a chamada democracia musculada – do antes partir que torcer – isto é, o apetite do elitismo e a obtenção de honrarias, de vassalagens.
Hoje os povos, lêem, ouvem notícias, viajam e sentem que são usados e manipulados através do voto. Se assim é, porque choram e se lamentam as forças políticas, das abstenções às urnas? Que adianta votar, aos que não querem políticas caducas, injustas, oportunistas, debilitantes?
Ainda existe comunismo? Ainda existe hitlerismo? Não os mantenham os responsáveis, e sejam mais doutos no serviço de Estado e na interpretação do que é ou deve ser uma democracia plena, ou pelos menos uma democracia que satisfaça, que menorize a desilusão e que se acredite nas instituições.
A França da Frente Nacional e o Brexit do Reino Unido e outros, são os povos com economias prósperas e são os povos mais insatisfeitos, que têm provocado arrepios às outras nações, acompanhados de atitudes políticas (finais) incertas, que tiram o sono aos que acreditam que, ainda é a democracia, a melhor forma de viver em comunidade. E depois, de populismo ao aventureirismo, passando pela caducidade dos programas partidários, afligem-se estes, rabeiam por tudo quanto é canto, do aparecimento dos sôfregos políticos “independentes” que, não são nem mais nem menos que pessoas ávidas de poder, de gordurosos vencimentos e subsídios – salvo as devidas excepções, claro! – que, claro também, poucas contas têm de dar no caso de insucesso político e de funções.
E quando não esqueço as “devidas excepções” aos independentes “sôfregos do poder e de gordurosos vencimentos”, é porque sei e conheço que entre alguns “independentes”, eles são realmente únicos, com percurso político sério e eficaz, com mensagens políticas diferentes dos rançados que temos tido a governar. Era bom que todos os “independentes” assim fossem. Mas infelizmente, até ex-presos, por habilidades políticas e económicas, temos a crer insistentemente, de novo, ocupar as cadeiras do poder.
Também o projecto Europeu, vacila. Não há a garra política e económica que esse grande projecto exige. A democracia nele, é também um labirinto e os interesses dos fortes arrasam – sem que se preveja o fim de tal peso – os débeis e os bem-intencionados. Assim, é necessário caminhar-se mais rápido na União Europeia, ir mais longe em democracia e analisar devidamente o labirinto criado: que desilude e provoca a fuga dos eleitores.
(P.S.) Um Leitor, tendo lido o meu texto da semana passada, enviou-me um mail e pedia que lhe explicasse porque anuí Mariana Mortágua ao Banco de Portugal da Figueira da Foz e ao paquete Santa Maria, assaltado em 22 de Janeiro de 1961. Ora, terei muito gosto em explicar a afirmação, desde que o leitor, minimamente se identifique, o que não fez.
(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico).
Autor: Artur Soares